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Percalços na recuperação do Grupo Carolo

Em recuperação judicial desde 2014, o Grupo Carolo, que tem uma usina sucroalcooleira e uma destilaria, vem enfrentando percalços para cumprir o plano de pagamento de suas dívidas aprovado pelos credores. Após não conseguir leiloar a destilaria, localizada em Minas Gerais, e atrasar o pagamento de credores trabalhistas, a companhia tenta, agora, vender quatro fazendas de cana para quitar esses débitos e fazer frente a novos compromissos.

Na semana passada, a empresa, que não concedeu entrevista, obteve autorização da juíza Aline de Oliveira Machado Bonesso Pereira de Carvalho, da 1ª Vara Cível da Comarca de Pontal, em São Paulo, para alienar, por meio de leilão judicial, as propriedades. Situadas na cidade paulista, elas somam pouco mais de 1,9 milhão de hectares e foram avaliadas em R$ 10,3 milhões. Pela decisão, o lance mínimo deverá ser de 70,8% desse valor, ou R$ 7,3 milhões.

A companhia, que faturou R$ 208,9 milhões na safra passada (2015/16), entrou em recuperação judicial há dois anos com dívidas de R$ 1,2 bilhão, das quais R$ 835 milhões não fiscais. Na votação do plano de recuperação, o valor foi reduzido de forma considerável – está atualmente em torno de R$ 200 milhões -, por causa da aprovação de um expressivo deságio principalmente nos valores devidos aos credores sem garantia (quirografários).

Apenas com os credores trabalhistas, a dívida é de R$ 20 milhões. Segundo o administrador judicial, Alexandre Borges Leite, a companhia deve conseguir quitar as dívidas atrasadas com a venda das fazendas e com recursos em caixa, que ficou mais robusto após o leilão de outros imóveis, no início do ano.

O grupo terá, ainda, que cumprir com um pagamento de R$ 1,6 milhão à União, em agosto, referente ao Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa). Em novembro, o Carolo também tem mais vencimentos para cumprir junto a credores com e sem garantia real. O plano, homologado em outubro de 2014, previa carência de dois anos para o pagamento de credores que não foram considerados “parceiros”.

A venda das quatro fazendas em Pontal foi a alternativa considerada após o grupo não atrair interessados na unidade produtiva isolada (UPI) Planalto, destilaria localizada no município mineiro de Ibiá, no Alto Paranaíba, que está dentro da Fazenda Manchúria, de 1,24 mil hectares. A unidade, com capacidade de produção de 300 mil litros de etanol por dia e estrutura para armazenar 15 milhões de litros, foi avaliada em assembleia de credores em R$ 25 milhões. Mas a oferta mínima homologada pela Justiça incluiu o valor da fazenda e alcançou R$ 40 milhões.

Não houve oferta, segundo Leite, porque a usina está parada e tem perdido valor. Nesse meio tempo, a propriedade também foi invadida por sem-tetos. O Grupo Carolo entrou na Justiça e conseguiu um mandado de reintegração de posse, que foi executado em 21 de junho. Agora, a empresa espera que os credores se reúnam em nova assembleia para reavaliar o valor da UPI Planalto e torná-la mais atrativa em um leilão.

Apesar do atraso com os credores trabalhistas, a maior parte do valor que será obtido caso o leilão da UPI ocorra será utilizado para quitar débitos com o fundo Callao Partners e duas empresas coligadas, que são donos da área da usina em alienação fiduciária (que, por lei, não se submete à recuperação judicial) e decidiram abrir mão dessa garantia para assegurar a venda da unidade. No caso do leilão das fazendas, o fundo não será contemplado.

Segundo o acórdão que homologou o plano de recuperação votado em assembleia, essas empresas receberão 55% do valor caso a UPI Planalto seja leiloada por menos que R$ 35 milhões ou 70% do valor caso o total arrematado supere R$ 35 milhões.

Fonte: (Valor)

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