O estado do Paraná fechou o ano de 2022 na liderança da produção e do número de usinas produtoras de biogás na região Sul.
De acordo com a CIBiogás, o Paraná conta com 159 unidades produtoras, de um total de 261 na região.
A produção alcançou 253 milhões Nm3/ano, volume de que corresponde a 62% de tudo que foi produzido nos três estados em 2022.
Os números são positivos, mas o potencial é bem maior. Pelas contas da Abiogás, o país pode produzir até 84,6 bilhões Nm3/ano e hoje só produz 2,3 bilhões de Nm3/ano.
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Para Dante Cobucci, diretor comercial da Geo Biogás & Tech, líder na produção de biogás e biometano do Paraná e uma das maiores do país, além da necessidade de definição de políticas públicas para esta fonte de energia, duas questões são importantes.
A primeira é a regionalidade, a oportunidade de os estados promoverem sua produção e logística de distribuição. “Por ser um dos celeiros do Brasil, o estado do Paraná tem a oportunidade de liderar esse debate com maior intensidade”, afirma.
A segunda questão é valorar a descarbonização, ou seja, como as fontes renováveis agregam valor à cadeia produtiva de diferentes indústrias. Este é um dos atributos do biogás e do biometano que cada dia ganha mais evidência diante das metas de descarbonização das empresas e dos compromissos internacionais assumidos pelos países, incluindo o Brasil.
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Outro elemento é a competitividade do biogás para a chamada Geração Distribuída (GD), competindo com a energia solar.
“O biogás é muito viável no atual contexto regulatório. Uma das suas vantagens é o alto fator de capacidade, que chega a 90%”.
Na fonte solar, o fator de capacidade médio é de 25%. Segundo dados da Aneel, o Brasil fechou 2022 com 7,3 GW de capacidade instalada de GD, contra 4,6 GW, em 2021.
O número de unidades produtoras, em 2022, chegou a 1,6 milhão de unidades. Para se ter ideia, a potência alcançada no ano passado corresponde a pouco mais que 50% da usinas e Itaipu (14GW).
Para Newton Duarte, presidente executivo da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia), “o Paraná tem um potencial enorme de produção de biogás, inclusive a partir da proteína animal”.
“É energia renovável e descentralizada. Ou seja, é a unidade geradora instalada próximo do seu mercado, trazendo mais eficiência, confiabilidade, resiliência e competitividade para a toda a cadeia produtiva.”, afirmou.
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Duarte também enfatizou a importância da infraestrutura para fazer crescer essa fonte de energia. “Foi assim com o mercado de gás natural“, comparou, fazendo referência ao gasoduto Bolívia-Brasil. Hoje, o Paraná é o segundo estado do país com maior capacidade instalada de produção de energia a partir de biogás, atrás apenas de São Paulo.
O biogás é usado para geração de energia elétrica. Já o biometano, obtido a partir da “filtragem” do biogás, é um produto similar ao gás natural, pode ser usado para gerar energia, para abastecer indústrias e no transporte veicular. O Paraná tem hoje potencial para produzir 3 milhões de metros cúbicos/dia de biometano, é o triplo do volume que hoje é comercializado pela Compagás.
A Geo Biogas & Tech possui três usinas em operação e cinco em implantação, chegando em 2024 com pelo menos oito grandes operações de produção de biogás e/ou biometano.