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Paraná e Venezuela na produção de biodiesel

O embaixador da Venezuela no Brasil, Julio César Garcia Montoya, esteve neste domingo com o governador Roberto Requião, quando acertaram detalhes para a formação de uma parceria visando à produção de biodiesel, tendo como matéria-prima a soja, a semente de girassol, o nabo forrageiro, canola, gergelim, mamona e até mesmo a gordura animal, como forma de incentivar a diversificação nas lavouras dos dois países.

Durante horas, Requião, o embaixador, o físico nuclear Walter Bautista Vidal, o vice-presidente de Tecnologia e Logística do Banco do Brasil, José Luiz de Cerqueira César, o pastor Werner Fuchs, presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná, o empresário Paulo Pimentel, ex-presidente da Copel, Mariano de Mattos Macedo, presidente do Tecpar – Instituto de Tecnologia do Paraná, conversaram sobre os avanços que o Estado do Paraná vem tendo desde 2003 na pesquisa para a produção do biodiesel.

O governador Requião propôs que o Tecpar reúna o mais rápido possível todos os especialistas no assunto, para que a pesquisa consiga avançar ainda mais e que, num curto prazo, seja definido um projeto de produção em escala de biodiesel no Brasil. Já a Venezuela ficou de enviar observadores ao Paraná, para acompanhar de perto o trabalho dos especialistas, tendo a frente o físico nuclear Walter Bautista Vidal, que no final da década de 70 foi um dos principais responsáveis pela implantação do Proálcool, programa de energia renovável a partir do uso da cana-de-açúcar como combustível e que atualmente vem despertando o interesse de vários países, inclusive dos Estados Unidos e Japão.

Na opinião de Requião, a Venezuela é um parceiro em potencial, mesmo sendo o país que atualmente produz o combustível mais barato do mundo. “Lá é possível abastecer um carro de passeio com R$ 3,00 e uma camionete com R$ 4,00. Mas os venezuelanos sabem que o estoque de petróleo é limitado. É preciso investir em outras alternativas. Assim, a Venezuela poderia consumir o óleo vegetal e vender o óleo natural. O Brasil poderia fazer o mesmo.”

O governador disse ainda que na Alemanha existem cerca de 15 mil carros movidos a óleo vegetal, equipados com bombas injetoras produzidas na Cidade Industrial, em Curitiba. Mas se mostra otimista em relação ao Paraná, a partir do funcionamento da miniusina do Tecpar, que num primeiro momento vai produzir de 500 a mil litros de biodiesel por dia. Este será sem dúvida o marco de uma nova era no programa de biocombustível do Paraná.

“Os processos desta usina serão totalmente monitorados de forma a produzir biodiesel mais eficiente do ponto de vista econômico e tecnológico, reduzindo os custos e tornando-o uma alternativa de uso mais difundido na matriz energética brasileira”, afirmou Mariano de Mattos Macedo, presidente do Tecpar, que reconhece que em termos de eficiência tecnológica ainda há um longo caminho a percorrer para se produzir no Brasil um biodiesel dentro das “especificações necessárias, como menor teor de enxofre, para que esse combustível possa ser utilizado em motores sem que incorra em problemas técnicos ou de manutenção”.

O embaixador Julio Montoya teve a oportunidade de ouvir ainda o pastor Werner Fuchs, presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná, sobre o trabalho que os produtores da Colônia Witmarsum, no município de Palmeira, na região dos Campos Gerais, a cerca de 200 quilômetros de Curitiba, vêm fazendo para a produção de óleo vegetal. “Ali, é utilizada uma tecnologia que tem tratamento prévio da soja com microondas. Depois, óleo de soja obtido por extração a frio é filtrado até o limite possível, de tal forma, eliminar impurezas e resíduos que venham a prejudicar o motor, tanto em seu desempenho quanto em sua manutenção”, informou o presidente do Tecpar.

Para Mariano Macedo, o embaixador ficou entusiasmado com o que viu e acredita que a parceria com o Paraná, nesse projeto de produção de biodiesel, trará muitos benefícios para o seu país. “Ele sabe que, do ponto de vista estratégico, produzir biodiesel é importante para a matriz energética, tornando-a menos dependente do consumo de combustíveis fósseis, em particular o petróleo. Mas o mais importante é aproveitar essa oportunidade de produzir biodiesel e ao mesmo tempo incentivar a diversificação na produção agropecuária, que hoje tem caráter de monocultura, como bem disse o governador. Diversificar a pauta de produtos leva a geração de mais emprego e renda. E esse é um problema também da Venezuela”, concluiu.

Combustível vai dar mais emprego

Brasília (ABr) – A produção de biodiesel promoverá a geração de mais empregos no campo, disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vai ser uma revolução na geração de empregos, sobretudo para a agricultura familiar”, afirmou. Lula disse que, além de melhorar a renda do trabalhador rural, o uso do biocombustível reduzirá os gastos do governo com a importação de petróleo e a poluição. “Eu acho que o planeta Terra vai agradecer ao mundo por ter criado uma alternativa menos poluente do que o óleo diesel e a gasolina”, afirmou.

Na semana passada, a Petrobras assinou o primeiro contrato de compra de biodiesel com quatro usinas (Brasil Ecodiesel, Granol, Soyminas e Agropalma), resultado do primeiro leilão do combustível realizado em novembro do ano passado.

A mistura do biodiesel é prevista pela Lei 11.097 de 2005, que determina a obrigatoriedade, a partir de 2008, da adição de 2% do produto ao óleo diesel e aumenta o percentual para 5% nos cinco anos seguintes.

“Agora nós vamos oferecer uma alternativa aos países ricos que podem fazer com que suas indústrias, seus investimentos se dirijam a países mais pobres como os países da América Latina, o Brasil, os países mais pobres dos africanos, desenvolver esses países produzindo o biodiesel para ser utilizado nos países ricos”, disse Lula.

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