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Para usineiros, 2010 será o ano da cana

No agronegócio brasileiro, 2010 vai ser o ano da cana. À boa cotação internacional do açúcar, o ouro branco que salvou a lavoura dos usineiros em 2009, vão se somar a consolidação do mercado interno do etanol com a definição do consumidor de automóveis pelos modelos flex e as animadoras perspectivas externas trazidas pela conferência de Copenhague. Produtores e empresários acreditam que o mundo passará a usar o combustível verde como alternativa ao petróleo.

Há um otimismo no setor sucroalcooleiro que nem o excesso de chuvas, prejudicial ao rendimento do canavial, consegue esfriar. Nunca antes houve uma coincidência tão boa de fatores favoráveis aos produtos da cana: açúcar, álcool e energia. Investimentos que haviam sido postergados com o advento da crise há um ano e! stão sendo retirados das gavetas.

As usinas e destilarias do centro-sul do Brasil moeram 532 milhões de toneladas, de acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única). Com o mercado em alta, o açúcar puxou 9,27% a mais do caldo da cana em relação à safra anterior, perfazendo total, 44,04% do total – outros 55,96% foram para o etanol, queda de 6,26% em relação a 2008.

Assim, a produção brasileira de açúcar registrou o maior índice dos últimos 30 anos, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram produzidas 34,64 milhões de toneladas, crescimento de 9,6% se comparado à safra anterior.

Desse total, o País exportou cerca de 23,2 milhões, ante 20,7 milhões da safra passada, tendo como principais compradores Índia e Rússia. O resultado seria melhor se não fossem as chuvas, que além de terem impedido a colheita de 10% da cana madura, reduziram o teor de sacarose e a produtividade das plantas. “Tivemos de moer de 30 a 35 milhões de toneladas a mais”, disse o diretor técnico da Única, Antonio de Pádua Rodrigues. Se o tempo tivesse ajudado, ele calcula que o setor teria faturado mais R$ 3 bilhões.

“Temos de comemorar a recuperação dos preços do etanol e do açúcar”, disse Rodrigues, lembrando que 2009 começou repleto de incertezas. Muitas usinas estavam endividadas e havia o risco de quebradeira. A entrada da Índia nas importações de açúcar deu fôlego às empresas. O sucesso do carro flex gerou demanda de 1,5 bilhão de litros por mês e ajudou na reação do preço do álcool. “Chegamos no final da safra com uma oferta apertada de etanol, o que leva a crer que 2010 será um ano positivo. Vai ser uma safra de preços remuneradores.” O endividamento das usinas caiu e grandes grupos voltaram a buscar negócios no Brasil.

AQUECIMENTO

O presidente da Cosan Açúcar e Álcool, Pedro Mizutani, acredita que 2010 será ainda melhor. “A deman! da por açúcar e etanol vai continuar aquecida porque os estoques não se recuperaram.”

Se o ano bom do açúcar não terminou, o do etanol está só começando, acredita Mizutani. Ele vê a frota de carros bicombustíveis sendo ampliada à razão de 200 mil veículos por mês e acredita que o etanol brasileiro saiu valorizado das discussões sobre os efeitos do aquecimento global na conferência de Copenhague. “Houve consenso de que precisamos enfrentar as mudanças climáticas e os governos reconheceram que o etanol pode contribuir para isso.” Ele espera que a população cobre das autoridades o uso de energias sustentáveis. “O governo brasileiro precisa vender a ideia do nosso etanol.” De acordo com Mizutani, o início da safra de 2010 deve ser antecipado para o corte das 50 mil toneladas que remanesceram desta safra.

“Algumas usinas voltam a moer em janeiro, outras nem vão parar”, contou. Não será o caso das 23 usinas do grupo Cosan, gigante do setor, que encerraram a moagem na última sexta-feira e, dependendo do tempo, só retomam a partir da segunda quinzena de março. Entre as unidades do grupo, a Costa Pinto, uma das maiores usinas do Brasil, parou a moagem esta semana, mas já vinha operando ociosa por causa das chuvas.

A Costa Pinto tem capacidade para moer 24 mil toneladas de cana por dia e produzir 41,5 mil sacas de açúcar e 1.250 m³ de etanol. É uma das pioneiras na produção de energia elétrica com uso da biomassa – outro produto da cana. A capacidade de geração é de 75 megawatts.

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