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Para Unica, política de reajuste de preço afeta atratividade do etanol

A política de reajuste de preços da gasolina afeta diretamente a rentabilidade dos projetos de etanol, uma vez que os dois combustíveis são concorrentes. A análise foi feita hoje por Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), para quem o governo poderia usar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para compensar as constantes variações no preço do etanol.

Rodrigues afirmou que desde 2008 acontece uma redução dos investimentos em novas usinas produtoras de etanol no Brasil. Naquele ano, 30 novos projetos foram inaugurados, número que deve baixar para cinco na próxima safra. Segundo ele, a oferta brasileira atual é da ordem de 27 bilhões de litros de etanol, com uma produção de 600 milhões de toneladas de cana.

Para o diretor da Única, o volume vai chegar naturalmente a 800 m ilhões de toneladas por volta de 2015, mas será necessário atingir 1,2 bilhão a 1,3 bilhão de toneladas em 2020 para acompanhar o crescimento da demanda nacional por etanol.

“E só se consegue fazer isso com a retomada de novos projetos. Tem que ser sinalizado no curto prazo para que se comece a pesquisar, implantar, para que em 2015 esses projetos estejam em operação”, afirmou Rodrigues, que participou de seminário promovido pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis).

Segundo ele, a partir de 2008 os preços da gasolina praticados no mercado interno passaram a ser ruins para os produtores de etanol, uma vez que o biocombustível tem que ter, no máximo, 70% do valor da gasolina na bomba para ser vantajoso para o consumidor.

“É preciso encontrar um mecanismo onde quem vai investir tenha rentabilidade e ao mesmo tempo chegue para o consumidor mais vantajoso que a gasolina”, disse Rodrigues. “A grande questão é rentabilidad e, sustentabilidade. O que afastou o investimento foi a falta de sustentabilidade no etanol hidratado”, ponderou.

Uma alternativa seria mudar o sistema de precificação da gasolina, no qual a Petrobras não reajusta os valores de acordo com a volatilidade do mercado internacional e só altera o preço quando considera que houve uma mudança de patamar de longo prazo. Outra opção seria utilizar a Cide, atualmente em R$ 0,23 por litro, como instrumento regulador.

Outros caminhos apontados por Rodrigues são incentivos à criação de novos projetos de usinas que produzam etanol e energia elétrica para revenda ou buscar uma precificação do etanol com contratos de longo prazo, ao invés do atual sistema de variação diária dos preços.

Segundo ele, apenas incentivos ao aumento da produção de cana poderão evitar gargalos futuros no fornecimento de etanol. A restrição da oferta na recente entressafra reduziu o consumo de etanol este ano. Em abril foram comercializados 500 mil hões de litros, contra 1,3 bilhão em abril de 2010. Em maio foram 800 milhões, contra 1,4 bilhão de litros em maio do ano passado.

“Em junho vai depender do preço. Se ficarem em como estão hoje, R$ 1 ao produtor, vai ficar próximo de 1 bilhão de litros. Ano passado, nesse período de safra foi de 1,4 bilhão a 1,5 bilhão”, destacou Rodrigues.

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