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Para uma ótima colheita mecanizada

Os nossos estudos da colheita mecanizada da cana estão comprovando que nos espaçamentos entre sulcos de aproximadamente 1,50 cm no plantio da cana, usando-se as colheitadeiras e os transbordos convencionais disponíveis no Brasil, é impossível realizar a colheita praticando-se agricultura com excelência. O pisoteio na linha de cana acontece de forma generalizada, sem possibilidade alguma de ser evitado na quase totalidade da área cultivada.

Já se sabe que o pisoteio na linha de cana é excessivamente danoso para a cultura na maior parte do período da colheita, por causar redução na produtividade agrícola e no número de cortes. Este fato é tão comprovado que muitas unidades agrícolas produtoras de cana estão decidindo não mais colher mecanicamente o 1o corte (e algumas delas até o 2o corte) para poder diminuir os danos que a mecanização está causando.

Não há dúvida de que não é somente o pisoteio o causador dos problemas da colheita mecanizada, pois sabe-se que outros fatores também estão influenciando negativamente na cultura, principalmente se a colheita for de cana crua. O problema é que o pisoteio é o fator de mais difícil solução se algumas mudanças radicais não acontecerem. É muito grande a diferença das situações entre o sistema de colheita manual onde se corta algumas canas por vez com o facão; coloca-se em esteira ou montes e carrega-se em feixes nos veículos que depois pisoteiam somente 20% das touceiras do canavial. Quando passa-se para a colheita mecanizada da cana a diferença é muito maior, principalmente se for cana crua.

Já está comprovado que aumentar o eixo do espaçamento da sulcação é a melhor técnica para ter pisoteio zero na maior parte da área plantada com cana. Estão definidas 2 formas de espaçamentos que são as ideais para praticar uma ótima agricultura canavieira. A definição de uma ou outra está condicionada à interação entre o produtor da cana, o processador industrial do produto e os fabricantes dos equipamentos para o plantio, para os tratos culturais e para a colheita. Até o momento a participação de cada setor está sendo muito tímida ou até nula, com algum desinteresse para tomar a decisão ideal ou ofertar o equipamento necessário para o mercado consumidor.

Quando se plantava cana em cova no meio de tocos de árvores, para depois queimar a palha antes do corte manual e se retirava a cana no lombo de animais racionais ou irracionais, qualquer procedimento era válido. A partir do momento em que esses plantadores decidiram que essa não era mais a melhor forma de conduzir a cultura, muita coisa mudou e algumas até de forma radical. Atualmente estamos diante de uma nova situação, que obriga tomadas de novas mudanças radicais.

Já está definido e aprovado um sistema de procedimentos para realizar a colheita mecanizada de cana crua de forma excelente, mas não está sendo colocada em prática porque os fabricantes de equipamentos ainda não depositam crédito nesta opção de venda aos produtores de cana. Ainda estão acreditando que continuarão vendendo muitos equipamentos para trabalhar no espaçamento da sulcação de aproximadamente 150 cm e que os plantadores de cana estão ficando satisfeitos com os resultados obtidos. Quando o plantador de cana tomar consciência do estrago que a colheita mecanizada de cana queimada ou crua faz no seu canavial e no seu próprio bolso, imediatamente descartará esta modalidade de colheita, fazendo opção pela colheita manual. Quando esta decisão se generalizar, talvez os fabricantes de equipamentos irão despertar para as mudanças, se é que dará tempo.

José Alencar Magro, consultor da Campofértil Assessoria e Consultoria Agronômica

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