O aumento de 20% para 23% de participação de álcool anidro na gasolina, a partir do dia 20, não deve reduzir o preço da gasolina. Pelo contrário, é mais provável que o preço do álcool sofra reajuste em decorrência da redução dos estoques.
A avaliação é de José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo). A Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes) também acredita que o preço do álcool vá disparar durante a entressafra da cana-de-açúcar, de dezembro a fevereiro.
Segundo Gouveia, na Petrobras, o preço do litro da gasolina está em R$ 1,003, sem impostos. Já o litro do álcool anidro custa R$ 0,991, também sem impostos. “A diferença é muito pequena. O aumento da participação em 3% não terá redução na gasolina. Não muda nada no bolso do consumidor.”
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Já o álcool hidratado, vendido direto na bomba, pode ter um impacto negativo, segundo Gouveia. “Os estoques devem cair e, com a entressafra, haverá redução na oferta de álcool. Isso pode resultar em aumento de preço. Essa é a nossa preocupação”, afirmou.
Para ele, o aumento da participação do álcool na gasolina só será positivo se o governo tiver a certeza de que a oferta não vai cair. “Se os usineiros pediram para elevar a participação, é porque deve estar sobrando álcool. Mas será que agora os estoques serão suficientes?”
Gouveia disse que não sabe se o momento escolhido para a mudança foi o ideal, já que em dezembro se acentua a entressafra da cana-de-açúcar. “O histórico da cadeia de safra mostra que no final e no começo do ano há queda na oferta de álcool, e o preço do álcool sobe. No início do ano, o governo reduziu a mistura porque estava faltando álcool no mercado.”
O presidente em exercício da Fecombustíveis, Paulo Miranda, repudiou o aumento da mistura e disse que haverá aumento da demanda do álcool, o que elevará o preço do álcool hidratado no período da entressafra.
