Mercado

Para Palocci, alta do petróleo será temporária

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse ontem acreditar que a alta do petróleo será temporária e não trará efeitos negativos para os índices de preços no país. Palocci também disse que a inflação é como a Hidra de Lerna (serpente de sete cabeças, que renasciam assim que eram cortadas, morta por Hércules), monstro que é preciso combater permanentemente e difícil de matar.

Palocci, que se incorporou à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à China, disse que, há um ano, a inflação anualizada tinha atingido pouco mais de 17%, e hoje já baixou para 5,3%, o que mostra, a seu ver, que houve um avanço importante.

Isso, segundo ele, foi resultado da dura política monetária conduzida pelo governo nesse período. “A política monetária é dura, e é assim que tem de ser mesmo.”

Neste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) promoveu apenas dois cortes nos juros básicos, de 0,25 ponto percentual cada um. Na última reunião, manteve a taxa em 16% ao ano.

Sobre a alta do preço do barril do petróleo –que anteontem fechou na cotação recorde de US$ 41,72 em Nova York–, Palocci disse não achar que haja um “choque” semelhante ao que ocorreu na década de 70.

Segundo ele, hoje o mundo dispõe de fontes alternativas de energia não-existentes à época. Por isso, o ministro crê que a crise de hoje seja transitória, mas não arriscou dizer quanto tempo ela durará. “Não sou tão ousado como o Furlan [Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento], que disse que a crise estaria superada em três semanas. Acho até que vai durar um pouco mais.”

Palocci afirmou que tem conversado com a diretoria da Petrobras e que a decisão da empresa é reajustar o preço da gasolina caso persista a alta do petróleo. A Petrobras, segundo Palocci, prefere adotar uma política de cautela em casos como esses para não ter de baixar o preço logo depois. Foi assim em 2003, antes e depois da Guerra do Iraque.

Previsão

Palocci disse que a expectativa mais alta de inflação que o governo enviou anteontem ao Congresso foi baseada em pesquisa de mercado com várias instituições.

O relatório, elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, projeta inflação de 6,37% para este ano, em vez de 5,5%, que é a meta central para o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo).

O ministro disse que a Fazenda não faz pesquisa de inflação, e sim apura no mercado para encaminhar, a cada dois meses, estimativas do índice para que o Planejamento possa calcular o crescimento mensal do Orçamento.

Segundo Palocci, na próxima reunião do CMN em junho, para definir a meta de inflação para 2006, será consolidada uma agenda de crescimento.

Sobre a possibilidade de mudança da meta para 2005, ele disse que a pauta é a meta para 2006. “Não tem sentido o Brasil mudar o sistema de metas de inflação.”

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