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Para Fiesp, emprego tem o pior semestre em décadas

A crise financeira internacional teve impacto pesado na indústria paulista, que registrou o pior semestre de sua história em termos de geração de empregos. Dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostram que o saldo de postos de trabalho nos seis primeiros meses do ano caiu 2,41% na comparação com o mesmo período de 2008, com o fechamento de 54,5 mil vagas. Foi a primeira vez na nova série histórica, iniciada em julho de 2005, que o setor registrou queda no nível de emprego no primeiro semestre. Desde outubro do ano passado, mês em que a crise começou a afetar a indústria paulista, 206 mil empregos já foram perdidos.

“Certamente é o pior semestre em décadas, mas isso não nos surpreende”, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Não fosse a indústria sucroalcooleira, o r! esultado seria ainda mais fraco. O setor acumula 55.668 empregos gerados de janeiro a junho, enquanto todos os demais segmentos indústria do Estado registram 110.168 demissões no mesmo período.

Até mesmo o mês de junho, que costuma ter contratações, apresentou queda na comparação com maio. Foram 8 mil demissões, diminuição de 0,36% no cálculo sem ajuste sazonal. No resultado com ajuste sazonal, a redução foi de 0,42% e ocorreu pelo nono mês consecutivo.

Embora a Fiesp endosse a tese de que os efeitos mais negativos da crise já ficaram para trás, alguns dos setores mais afetados continuam a demitir trabalhadores. É o caso de produtos de metal, o recordista de junho, que dispensou 2.289 empregados no mês, veículos automotores, que inclui autopeças e demitiu 1.641, e metalurgia, que dispensou 1.128. Segundo Francini, são setores que ainda estão fazendo ajustes em razão da redução da demanda interna e externa. “As medidas tributárias do governo deram resultado, é claro. Não! se sabe o quanto perderíamos em empregos se não fossem essas medidas”, afirmou.

Apesar do resultado fraco no semestre, a Fiesp prevê que o emprego deve fechar com estabilidade no mês de julho. Para o segundo semestre, a entidade acredita que deve haver saldo positivo – desde que a indústria sucroalcooleira seja excluída do cálculo, uma vez que os últimos três meses do ano são marcados pelo fim da safra e demissões em massa no setor. “O segundo semestre será melhor que o primeiro”, reiterou Francini. É o que mostra o Sensor, indicador que mede a confiança dos industriais e subiu para 54,6 pontos na primeira quinzena de julho. O item emprego está com 52,1 pontos e confirma a tendência.

Segundo ele, parte das medidas do governo para conter a crise, principalmente as relacionadas ao crédito, ainda não foi sentida, como a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e a queda da Selic. Outras ainda estão em fase de implementação, como o fundo de aval e o fundo garantidor. “Isso tudo pode trazer uma reativação dos investimentos e o restabelecimento do crédito para pequenas e médias empresas, com consequências positivas para o emprego”, afirmou Francini.

Como exemplo, o executivo ressaltou que Selic média do primeiro semestre foi de 12,5% ao ano, quatro pontos porcentuais acima dos 8,5% previstos pela Fiesp para a segunda metade do ano. Os setores industriais que devem puxar os empregos para cima até o final deste ano são os mais ligados ao mercado doméstico, como veículos, confecções, calçados, alimentos e bebidas.

Francini destacou, porém, que dificilmente o nível de emprego voltará ao patamar registrado antes da crise. “A tendência é de redução nos empregos da indústria no mundo todo, mesmo que se recupere o nível de atividade pré-crise. Uma das consequências dessa crise é o ganho de produtividade das companhias, ou seja, menos empregos”, ponderou.

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