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Para executivo, pastagens devem dar lugar à bioenergia e alimentos

O que precisa ser feito para que o Brasil se mantenha como protagonista mundial quanto à produção de alimentos e bioenergia? Com essa questão, Manoel Teixeira de Souza Jr, chefe geral da Embrapa Agroenergia, resume os principais pontos que o Brasil precisa superar para continuar na liderança mundial. “A resposta para esta pergunta começa necessariamente pela continuidade das diversas ações que permitiram alcançar os ganhos de produtividade observados no decorrer das últimas quatro décadas. Ainda temos espaço para elevar a produtividade e é fundamental continuar investindo neste caminho. Porém, é certo que só aumento de produtividade não será suficiente. Precisamos também ampliar a área plantada, transferindo para o processo produtivo de alimentos e bioenergia parte da área de pastagens utilizada pela pecuária extensiva no Brasil. Isto de forma alguma prejudicaria a nossa produção de carne e leite, uma vez que já temos tecnologia para manter em espaços menores o mesmo rebanho que temos hoje e até mesmo ampliá-lo”, lembra.

Para ele, uma parte importante da resposta tem a ver com a redução das perdas observadas no cultivo, na colheita e na distribuição dos produtos agrícolas. “Perdemos parte considerável da nossa produção agrícola no caminho entre o agricultor e o consumidor. Em algumas cadeias produtivas, a perda chega a um terço de tudo que é produzido. Entre os principais vilões estão problemas fitossanitários de pré e de pós colheita, estoque e manuseio inapropriados, além de ampla dependência do transporte rodoviário em uma malha longe da ideal (em quantidade e qualidade)”.

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De acordo com Souza Jr, reduzir o desperdício é outra parte da resposta que merece grande atenção. “Mas isso não é tudo. Além de ampliar a área plantada, aumentar a produtividade, reduzir as perdas e o desperdício, é preciso oferecer alternativas para aproveitamento pleno dos resíduos agrícolas e agroindustriais, como também daqueles oriundos da produção e uso das espécies florestais. Este aproveitamento pleno precisa ser promovido dentro do contexto de biorrefinaria, no qual se busca reduzir ao máximo os resíduos, agregando valor mediante a transformação dos mesmos em bioenergia, biofertilizantes, rações animais, biomateriais (bioplásticos, etc.) e químicos”, revela.

Biorrefinaria: cana e soja são bons exemplos

Um bom exemplo para ele é a cadeia de produção e uso da cana-de-açúcar e da soja que já trabalham no Brasil dentro da lógica de biorrefinaria. “Da cana se produz o açúcar, o etanol anidro, o etanol hidratado e a bioeletricidade, entre vários outros produtos. Da soja, se obtém o farelo para alimentação animal – e consequentemente proteína –, óleo para a indústria alimentícia e para biodiesel, além do grão (quase metade da soja produzida no Brasil é exportada na forma de grão). Porém, ainda existe amplo espaço para inserção de novos produtos, com maior valor agregado. É importante também que, mais e mais, outras cadeias no nosso País recebam políticas de desenvolvimento que promovam a sua organização dentro desta lógica de biorrefinaria”, confirma.

O executivo ainda lembra que é fundamental que seja dado suporte financeiro para que as instituições brasileiras de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), entre elas a Embrapa, possam gerar os conhecimentos e as tecnologias necessárias para este setor. “A Embrapa teve e continuará tendo um papel fundamental para ajudar o Brasil a ser protagonista na produção de alimentos e bioenergia no mundo”, frisa.

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