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Para evitar perda, indústria quer revisão de cálculos

Representantes da indústria de biocombustíveis se mobilizaram nos últimos meses para convencer os técnicos do Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia a rever diversos aspectos dos cálculos que eles estão fazendo para avaliar o impacto ambiental dos vários tipos de combustível, num esforço para evitar os prejuízos que essa análise pode provocar.

Cada grama de carbono faz diferença nessa discussão. Boa parte das emissões de gases-estufa associadas à produção de etanol no Brasil ocorre por causa das queimadas, um método tradicionalmente usado para destruir a palha da cana e facilitar o corte da planta. Mas a prática começou a ser abandonada pelos usineiros e os modelos usados na Califórnia não refletem essa evolução.

Conforme cálculos preliminares apresentados pela Califórnia em fevereiro, quase um terço das emissões associadas à produção de etanol de cana tem origem nas queima! das. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) pediu à Califórnia que incorpore aos seus modelos índices maiores de mecanização na colheita da cana, o que faria desaparecer da conta final mais da metade das emissões associadas às queimadas.

O relatório mais recente publicado pela Califórnia diz que o etanol de cana tem um índice de intensidade de carbono equivalente a 26,6 gramas de carbono por megajoule de energia gerada, sem incluir os efeitos indiretos atribuídos ao desmatamento e outras mudanças no uso da terra. A Unica calcula que esse índice poderia ser reduzido para 20 se práticas mais modernas adotadas pelas usinas forem reconhecidas pelos modelos usados pelos técnicos.

Mas o que preocupa mais a Unica é a forma como a Califórnia calculará os efeitos indiretos. Do jeito que as coisas estão hoje, eles somariam 46 gramas ao índice de intensidade de carbono do etanol de cana, levando o total para 72,6. Um dos problemas que já foram detectados é que os técnico! s da Califórnia estão usando imagens de satélite antigas, do fim dos anos 1990, para estudar a evolução do desmatamento no Brasil.

Os produtores de etanol de milho dos EUA querem que a Califórnia reconheça o valor de um subproduto, o DDG (do inglês Distillers Dried Grains), uma espécie de farelo de milho que é extraído na produção do etanol e usado para ração animal. Eles argumentam que a existência desse subproduto freia o avanço do milho em regiões dedicadas a outras culturas, um dos principais efeitos indiretos associados às usinas americanas.

Os cálculos da Califórnia atribuem ao etanol de milho um índice de intensidade de carbono equivalente a 69,4 gramas, que chega a 99,4 depois de somados os efeitos indiretos. Um estudo encomendado pela indústria americana a uma consultoria, a Air Improvement Resource, sugere que uma reavaliação do subproduto das usinas e outros pequenos ajustes poderiam levar a zero o peso dos efeitos indiretos na conta da Califórnia.

Outro problema que a indústria tenta contornar é o tratamento dado à gasolina. Os modelos usados na Califórnia medem a intensidade de carbono dos combustíveis fósseis sem atribuir a eles nenhum efeito indireto como os associados aos biocombustíveis. Os representantes da indústria acham que isso distorce qualquer comparação e estão produzindo estudos para convencer os técnicos a associar um volume maior de emissões à gasolina.(RB)

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