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Para consultor, redução da mistura não mudará cenário nas próximas safras

A redução da mistura de etanol na gasolina não mudará o cenário do setor sucroenergético para que as próximas safras atendam a demanda crescente pelo biocombustível. Essa é a opinião do gestor de riscos Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting, que afirma que em uma estimativa conservadora, para o setor atender a demanda crescente dos próximos três anos, seriam necessários investimentos da ordem de US$ 24 bilhões e moer 150 milhões de toneladas de cana a mais.

“Não só o setor, mas também consumidores, estão pagando o preço de ter uma economia que usa o preço do combustível como política fiscal. Essa situação, que vem sendo carregada pelo governo, distorce a realidade do mercado de etanol, que também é afetado pelos preços do açúcar (outro produto da mesma matéria-prima, cana). Enquanto o açúcar tem o preço determinado pelo livre mercado internacional; os preços do etanol limita-se à 70% da gasolina, que apesar de ter seu preço livre no mercado internacional, no Brasil tem o preço controlado pelo governo”, explica.

Como a gasolina que o governo terá que importar é mais cara do que o etanol, o governo terá que reduzir impostos sobre a gasolina para viabilizar essa operação. “Isto demonstra o despreparo para lidar com esse cenário, pois a conta é simples: diminui-se a mistura do etanol na gasolina, mas coloca-se no lugar um produto mais caro. O Brasil, de fato, não tem mesmo uma política agrícola e nem uma política energética”, critica o gestor de riscos.

Solução

O problema é que, enquanto não se encontra uma solução que mude esse cenário, o mercado interno continua crescendo, a produção se mantém estável e os investimentos baixos. Para isso, o crescimento de vendas de veículos leves no Brasil deveria ser de apenas 4% ao ano (lembrando que a média dos últimos três anos foi de 12%). Isso siginificaria uma frota de 37 milhões de carros, até o final de 2014, dos quais 59% seriam flex.

“Na estimativa (conservadora), o consumo de combustíveis seria de 60,4 bilhões de litros, dos quais 31,2 bilhões seriam de etanol e 29,2 bilhões de gasolina A (sem mistura de etanol). Nessa conta, de crescimento lento, também consideramos que o Brasil apenas mantenha sua participação no mercado internacional de açúcar (sem o crescimento que se espera na fatia de mercado) e que o consumo mundial do produto cresça somente 1,2% ao ano, assim como o mercado interno tenha uma crescimento igualmente vegetativo”, avalia Arnaldo.

Com o crescimento da demanda por etanol tão disparado, com o aumento acelerado da venda de carros, dificilmente vamos assistir a um cenário tão conservador. “Ainda assim, somente para atender esse crescimento reduzido, o Brasil precisaria moer na safra de 2014/2015 – em três anos – 715 milhões de toneladas de cana, um crescimento médio anual de 8%. Uma meta que muitos no setor acham impossível sob a política intervencionista do governo”, declara Arnaldo.

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