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Para Bunge, País perde US$ 5 bi devido à ineficiência logística

O Brasil perde US$ 5 bilhões por ano devido à baixa eficiência logística, principalmente no transporte de grãos. Este é o resultado de um levantamento feito pela Bunge do Brasil. O CEO da empresa multinacional, Pedro Parente, esteve em Campinas no último sábado participando do Fórum nacional de agronegócios.

Para ele, se, de um lado, o Brasil tem todo o potencial de atender a responsabilidade de continuar sendo um dos principais fornecedores mundiais de alimento e energia, por outro, existe um grande gargalo muito importante que precisa ser superado, que é o logístico. “Esse valor poderia ser incorporado na renda do produtor”, disse em entrevista ao DCI. “Quando a gente fala de safras que podem chegar a 100 milhões de toneladas de soja e de milho, que é para o Brasil algo extraordinário, realmente o nível de investimentos em logística está muito baixo e nos causa preocupação. A gente acha que é um grande desafio para o País”, completou.

O presidente da Bunge disse que para o mundo é muito importante que se diversifique as fontes de produção e que o Brasil já é um grande produtor mundial. O País tem essa qualidade e precisa utilizar esse potencial, na opinião do executivo. Em tempos de safra recorde, como os atuais, em meio a preços agrícolas oscilando perto de patamares recordes, esses gargalos logísticos dificultam a situação do setor, analisa Parente.

Na sua avaliação, mais ou tão importante quanto o volume de recursos anunciados recentemente pelo governo federal -da ordem de R$ 133 bilhões em obras previstas em estradas e ferrovias para escoamento da produção- é conseguir destravar esse processo. Esse destrave estaria, segundo Parente, relacionado a questões tributárias, burocráticas e das demoras relativas a licenças ambientais. “Há todo um conjunto de medidas que favoreceria muito o ambiente ou o estímulo ao investimento; me parece que o governo está acordando para isso e que precisa ser feito. Ele já falou que vai fazer, já tomou medidas, fez medida provisória, criou nova empresa, mas é claro que ainda há um longo caminho pela frente entre a decisão de fazer e esta decisão começar a ter efeitos práticos”, avaliou.

Milho

Uma produção de milho do Brasil superior a 100 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de cerca de 30 milhões ante o ciclo 2011/2012, não é um “sonho” distante, afirmou neste sábado o presidente da Bunge no Brasil, Pedro Parente, no intervalo de um evento em Campinas.

Parente, que comanda uma das maiores exportadoras e processadoras de grãos do Brasil, evitou fazer previsões sobre quando essa produção poderia ocorrer, mas lembrou que o milho tem registrado saltos de produtividade no País, em meio ao crescimento do uso da biotecnologia e de mais investimentos. A safra de milho do Brasil atingiu recorde de mais de 70 milhões de toneladas em 2011/2012 -superando até a de soja, que sofreu com a seca no último verão-, um crescimento de mais de 10 milhões de toneladas em relação à colheita anterior.

Parente citou o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, atual presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, para quem o cereal deixou de ser uma cultura de segunda categoria na comparação com a soja.

“Os produtores estão começando a encarar o milho como um produto, entre aspas, tão nobre para uma atividade principal como é a soja. Isso faz com que esses níveis de produção de 100 milhões de toneladas sejam possíveis não muito longe”, afirmou Parente, em entrevista a jornalistas, após participar de palestra no Fórum Nacional do Agronegócio, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

“Já não parece um sonho impossível, especialmente em relação ao milho”, disse ele, ao falar do patamar de 100 milhões de toneladas. “Não é que a gente acha que seremos o maior produtor de milho do mundo, de maneira nenhuma, mas que teremos um papel relevante no suprimento do mercado de exportação”, disse.

Pedro Parente, também disse que as indefinições do governo sobre a renovação de concessões de terminais portuários privados, que vencem ao final do ano, atuam como um limitador de investimentos por parte das empresas. “A Bunge explora concessões portuárias e a empresa tem preocupação de que a maior antecipação possível seja dada pelo governo para que a companhia possa programar investimentos.”

Etanol

Recentemente Parente cobrou do ministro Guido Mantega medidas para dar competitividade ao etanol e disse que o embate entre o setor sucroalcooleiro e o governo não resolverá o problema, pois a visão é sempre de cooperação, mas existe a necessidade de que se possa ter um diagnóstico comum, e que na sua avaliação o governo já tem esse diagnóstico.

“A nossa visão é uma visão de longo prazo, então as questões conjunturais que afetam o negócio do etanol no País, e que a gente acha que pela relevância do etanol elas serão resolvidas, de forma alguma mexem no nosso programa de investimento”, disse.

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