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Papel decisivo para biocombustíveis

Rumores sobre aumento de gasolina, diesel e gás, logo após as eleições de outubro, são cada vez mais freqüentes. Tudo indica que reajustes ocorrerão mesmo que a pressão sobre o preço do petróleo diminua ao longo dos próximos meses, estendendo-se a 2007. Na realidade, depois de um ano sem nenhuma mudança nos preços internos, mesmo com a escalada do barril de petróleo em mais de 60%, existe uma defasagem a ser reposta. Fala-se em 10% para os combustíveis líquidos e até 50% para o gás, dependendo da pressão da Bolívia. Esse seria o mínimo para manter os investimentos em exploração e produção no mar, atraindo novas empresas para o setor. Já se sabe que é tênue a situação de auto-suficiência atual. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) reconhece, implicitamente, a vulnerabilidade em médio prazo. Acaba de tomar a decisão correta de limitar a atuação monopolista da Petrobras que, mesmo sem recursos financeiros suficientes, quer amplo domínio sobre grandes blocos explora-tórios. O descontentamento da estatal é a comprovação de que a ANP abandonou a orientação política em favor do embasamento técnico.

Enquanto isso, os biocombustíveis – álcool e biodiesel – continuam a despertar interesse em vários países e, nesse cenário, o Brasil aparece em situação privilegiada. A Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, organizou um seminário sobre o tema, semana passada, em São Paulo (SP). Afinal, serão investidos US$ 10 bilhões até 2010 na construção de 90 novas usinas (mais ampliações das existentes). A produção subirá 60% para atender mercados interno e externo: 25 bilhões de l por ano. Em 2014 alcançará 31 bilhões de litros, gerando 100 vezes mais empregos por unidade do que a indústria de petróleo.

Uma das vantagens dos investimentos neste setor é a possibilidade de o motorista comum se beneficiar de programas internacionais de desen-volvimento limpo. O Protocolo de Quioto vislumbra a compra de créditos pelo seqüestro de carbono da atmosfera, o que reduziria o aquecimento do planeta. As centrais eletrônicas já estão aptas a registrar o volume de álcool consumido em motores flex. No futuro, a emissão evitada de CO² integraria um fundo com retorno financeiro aos cotistas. A estimativa inicial é de US$ 10 por t capturada de CO².

Luiz Carlos Carvalho, coordenador de biocombustíveis da Câmara Brasil-Alemanha, destacou a potencial integração entre usinas e processadoras de grãos, capaz de produzir álcool, açúcar, óleo vegetal, biodiesel e eletricidade dentro de um mesmo complexo no campo, incluindo a rotatividade de culturas para revitalização do solo. Pesquisas recentes dão conta de que o reaproveitamento do bagaço de cana e da palha vai mais do que dobrar a produtividade industrial em litros/hectare do combustível verde. Assim, ao longo de uma década, somando-se o ganho genético da produtividade agrícola, haverá menor necessidade de aumento da área cultivada.

Sabendo que, daqui em diante, o custo por km de um carro será fator para o crescimento do mercado, ao lado do ar mais limpo, biocombustíveis terão papel decisivo.

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