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Pão de Açúcar adianta compras para a páscoa

Quem negociou as compras de chocolate para Páscoa no final do ano passado pagou menos. É o caso do supermercado Pão de Açúcar e das confeitarias Di Cunto , Doceria Holandesa e Amor aos Pedaços . Nesse começo de ano, os chocolates estão com preços de 6% a 8% mais caros, de acordo com informações do varejo. Além do repasse da inflação de 5,7%, os varejistas dizem que houve aumento da energia e dos custos operacionais. O aumento no preço do açúcar refinado terá pequena influência no valor final dos produtos. A indústria já reajustou os preços, e está em negociação com o comércio para decidir o valor do repasse.

Na rede de Supermercados Futurama , na capital paulista, os chocolates da Lacta e da Nestlé devem chegar às prateleiras com preço de 7,5% a 8% maior do que no ano passado. Ainda assim, o incremento nas vendas deve ser em 10% nessa Páscoa, afirma Antonio Ferreira de Souza, gerente geral da unidade no bairro de Santo Amaro, zona sul paulistana. “O fato de a Páscoa ser no começo do mês auxilia no incremento do volume de vendas, pois o consumidor acabou de receber o salário”. O estoque da loja estará 10% maior do que em 2005 para atender a demanda.

O Grupo Pão de Açúcar , maior varejista do País, iniciou as compras de Páscoa no final de 2005 e ainda está comprando os chocolates. A rede não informa se os produtos estarão mais caros, e nem o volume do estoque. O Wal-Mart realizará na próxima semana uma reunião para decidir a estratégia de Páscoa.

Os supermercadistas gaúchos estão otimistas em relação à Páscoa. Embora o levantamento feito junto aos empresários do setor ainda não esteja concluído, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Longo, aposta em vendas de 8% a 10% superiores às registradas na mesma data do ano passado. “Este ano teremos a Páscoa em abril, o que é uma grande vantagem, pois o clima é mais favorável ao consumo de chocolate”, afirma.

De acordo com o dirigente, a crise do açúcar deve provocar um reajuste de 5% a 8% nos preços. Entretanto, destaca, este aumento não deve prejudicar as vendas. “Nós percebemos que, a cada ano, a indústria agrega valor aos seus produtos, apresenta lançamentos, e isto acaba atraindo o consumidor, que se dispõe a pagar um pouco mais por produtos diferenciados”, explica Longo.

Em relação aos outros itens típicos do consumo na Páscoa, Longo acredita em preços melhores do que em 2005. “Temos diversos produtos importados, como bacalhau, azeites e bebidas, que estão com preços mais acessíveis graças à queda do dólar”, ressalta.

Na segunda quinzena de fevereiro, a Agas estará divulgando uma pesquisa feita com consumidores sobre intenção e preferência de compras, e com supermercadistas sobre volume de encomendas e expectativas de vendas para a Páscoa.

Doçarias

A tradicional confeitaria Di Cunto , com quatro lojas na capital paulistana, também conta com uma linha de produção. Os produtos são artesanais, e Pedro Porta, diretor de relações com mercado, diz que a empresa já está comprando matéria-prima, mas o preço dos contratos fechados não mudará. “Os produtos suplementares poderão sofrer reajustes”, explica o executivo. Ou seja, caso a empresa necessite fazer outras encomendas de matéria-prima, o preço pode subir. Mas tudo vai depender da negociação.

Os reajustes seriam de 5% a 6%, e a idéia inicial é manter os preços inalterados num primeiro momento. Segundo Porta, se repassado ao consumidor, esse aumento pode provocar queda de 7% nas vendas. “Estamos esperando que não haja reajuste, para que não precisemos repassar”. Porta garante que alguns concorrentes manterão preços baixos utilizando alternativas como o adoçante: “pode ser interessante usar adoçante, mas não podemos fazer isso porque vai bater de frente com a qualidade do produto”. Ele diz estar torcendo para que o reajuste de preço não ocorra, mas acha difícil, pois “o lobby dos usineiros é muito forte”. A Di Cunto espera um aumento de 10% nas vendas da Páscoa desse ano.

Marcelo Martins, gerente comercial da Cacau Show , não acredita que o aumento do preço do chocolate provocado pelo açúcar vá provocar queda nas vendas. A empresa vai produzir mais do que o dobro da quantidade do ano passado, devido à abertura de novas lojas. A rede teve crescimento grande em 2005, e soma agora 242 lojas no total, sendo 7 próprias. Assim, a perspectiva é vender de 3% a 5% a mais do que na Páscoa do ano passado. “Alinhamento de preços é normal, sempre tem”, diz Martins. O estoque de matéria-prima foi negociado em setembro.

Outra doçaria paulistana, a Doceria Holandesa , com treze lojas na cidade, espera um reajuste de 5% a 10% em relação ao ano passado, mas não apenas por causa do açúcar. A matéria-prima começou a ser comprada em dezembro, e a produção é em janeiro. Peter Thyssen, diretor comercial, diz que, mesmo com um aumento de 20% a 25% no preço do açúcar, isso não vai interferir no preço da prateleira. “O açúcar não é principal produto, representa uma pequena parcela, apenas 10% do produto”. Mesmo assim, os custos gerais de produção aumentaram, e por isso o chocolate vai ficar mais caro. “Não repassamos o aumento do açúcar, e acredito que é um problema temporário. O governo deve interferir rapidamente”.

Localizada no bairro do Jardins, na capital paulista, a Galeria dos Pães também vai oferecer ovos e chocolates mais caros. O proprietário, Milton Guedes de Oliveira, garante que ainda não foi feito um levantamento, mas o preço final deve subir entre 5% e 8%.

Oliveira espera incremento de vendas entre 10% e 12% em relação à última Páscoa, e para isso, aumentará em 10% o estoque para o período. Também para ele, o aumento de preços foi geral, não apenas do açúcar.

A Amor Aos Pedaços espera manter os preços semelhantes aos do ano passado. “O açúcar, não vai afetar nossa produção, a matéria-prima foi comprada com bastante antecedência. Os nossos preços finais ficarão muito próximos aos do ano passado”, afirma Ana Maura Werner, gerente de marketing. A empresa deve vender 35% a mais do que na última Páscoa, e ainda não avaliou as conseqüências na produção do resto do ano. A rede tem 38 lojas em São Paulo e Rio. Amílcar Lacerda, gerente do departamento de economia da Associação Brasileira da Indústria Alimentícia (Abia) explica que nesse momento não existe cana para comercializar no País, e, apesar da alta do preço, o quilo ainda não custa caro. O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar e o preço é determinado no mercado externo. A valorização do Real frente ao dólar é suficiente para despencar a margem de lucro com o produto, e uma das soluções é aumentar o preço no mercado interno, em cada pacote negociado no varejo. “Quanto mais o dólar cai no País, mais sobe o preço do produto. É um contra-senso. Como a safra está apertada, seria bom que subisse a taxa de câmbio. Assim, o preço do açúcar no mercado interno poderia diminuir”, afirma.

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