Mercado

Países da OCDE não se entusiasmam com o álcool

A AIE (Agência Internacional de Energia) não compartilha o entusiasmo do presidente Lula pelo etanol como fonte do que o brasileiro já chamou de “revolução” mundial.

“Cada maneira de produzir etanol tem que ser avaliada”, diz cauteloso Claude Mandil, diretor-executivo da organização, braço para energia da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, mais conhecida como o clube dos países ricos).

Para Odd Roger Enoksen, ministro norueguês de Petróleo e Energia, disseminar os biocombustíveis é “um tema político quente”. “Os biocombustíveis também têm seus problemas”, diz Enoksen.

Explicita-os John Ryan, subsecretário australiano de Recursos, Energia e Indústria: “O primeiro problema é que a capacidade de produzir etanol depende de inovações tecnológicas, por se tratar de uma indústria nascente. E o investimento em inovação pode não ser sustentável no longo prazo”. Segundo problema: “Nem todas as maneiras de produzir etanol favorecem a preservação do meio ambiente”.

Com maior ou menor entusiasmo pelo etanol, a AIE, que teve reunião nesta semana em Paris, reconhece que no curto ou médio prazo o cenário energético global é insustentável.

No curto prazo, “não vemos como o mercado [de energia] possa se equilibrar sem um aumento da produção dos países da OPEP”, diz Mandil, referindo-se à Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Estes, por sua vez, já avisaram que não vão aumentar a produção.

No médio prazo, “a demanda por combustível fóssil e a emissão de gases que produzem o efeito estufa seguirão sua presente trilha insustentável até 2030, se não houver ação governamental”, diz o “Panorama Mundial da Energia”, editado pela agência. “Novas tecnologias de biocombustíveis em desenvolvimento hoje, notadamente o etanol celulósico, poderiam levar os biocombustíveis a desempenhar um papel muito maior”, diz a publicação.

O etanol celulósico é produzido a partir de resíduos florestais e agrícolas e de plantações específicas. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, observa: “Se não tivesse havido a primeira fase, com a comprovação da eficiência do etanol de cana, não haveria a segunda. De todo modo, não podemos descansar. Temos que nos preparar para essa nova etapa”.

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