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País pode suprir boa parte da demanda global de etanol

Com investimentos estimados em R$ 10 bilhões por ano, ao longo dos próximos 20 anos, o Brasil poderá transformar-se num grande supridor internacional de etanol, podendo substituir até 5% da demanda mundial de gasolina. É o que prevêem estudos do Projeto Bioetanol – tecnologia de hidrólise de fibras para a produção de etanol, realizados pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe/Unicamp), com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia. O trabalho, que reuniu 20 pesquisadores de várias instituições de pesquisa, sob a coordenação do professor Rogério Cezar Cerqueira Leite, da Unicamp, foi apresentado no Seminário sobre Inovação Tecnológica, em São Paulo.

Como resultados desses investimentos, de acordo com o projeto, a produção de álcool atingirá 104 bilhões de litros/ano em 2025. Haverá outros ganhos: a produção de eletricidade será de 50.000 GWh/ano, cerca de 15% da geração em 2004, as exportações chegarão a US$ 31 bilhões, o aumento do PIB, incluindo rendas diretas, indiretas e induzidas será de R$ 153 bilhões. Além disso, haverá incremento de 5,3 milhões de novos empregos, com salário médio 50% acima da média nacional. “O Brasil tem uma oportunidade de ouro na área de biocombustíveis”, diz Luis Augusto Barbosa Cortez, vice-coordenador da equipe de pesquisadores do Nipe.

O cenário é mais do que propício, avalia ele. O pico de produção de petróleo nos países não membros da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) ocorrerá em cinco anos e em países membros, dentro de cinco a dez anos. A expectativa de preços elevados do barril de petróleo (US$ 60, em média) permanece na ordem do dia. E o aquecimento global mostra, segundo o pesquisador, a necessidade de substituição desses materiais por recursos renováveis.

O Projeto Bioetanol (hidrólise) estudou as possibilidades e impactos da produção de grandes quantidades de etanol visando à substituição parcial de gasolina no mundo. “O objetivo foi avaliar o potencial e a capacidade do Brasil de expandir o setor sucroalcooleiro para fornecimento de etanol em larga escala, visando a substituição de 5% ou 10% da demanda mundial de gasolina”, explica Cortez.

Depois de analisar as áreas com potencial para produção de cana- de-açúcar no país, o estágio atual da tecnologia, a infra-estrutura existente e os impactos socioeconômicos e ambientais, o projeto apresenta a principal força inovadora e de sustentação da estratégia de produção de etanol nas próximas décadas: um modelo produtivo de destilarias reunidas em cluster.

O novo modelo exibe vantagens insofismáveis. Do ponto de vista social, serão criados 22 mil empregos diretos, e entre 60 mil a 200 mil pessoas serão beneficiadas nas regiões que farão parte do projeto com a instalação de escolas, postos de saúde, hospitais, escolas técnicas e superior, e áreas de lazer. As características econômicas de um cluster são, da mesma forma, significativamente atraentes. Numa área ocupada com cana de 420 mil hectares serão investidos cerca de R$ 4,2 bilhões – R$ 3,075 bilhões na área industrial e R$ 1,1 bilhão na área agrícola.

Em operação, o cluster poderá contribuir com o aumento do PIB de R$ 2,34 bilhões, e um PIB médio por emprego de R$ 2.613 (55% superior à média nacional). A produção de álcool será de 2,55 bilhões de litros por ano e a de energia elétrica de 1.200 GWh/ano.

A primeira fase do estudo prevê, para atender um cenário de substituição de 5% da demanda mundial de gasolina até 2025, a produção de 104,5 Mm3 de álcool em duas regiões: 60% na região Centro-Sul e 40% na região Norte-Nordeste. Serão instaladas 615 destilarias com capacidade de moagem anual de 1,2 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar.

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