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País está pronto para aprender e ensinar´

A Petrobrás, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve se preparar para desempenhar papel primordial na construção de um mercado global de etanol. A Petrobrás vai ter que entrar nisso. Precisamos ter um mecanismo regulador para garantir o abastecimento, disse ontem o presidente, durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. Não é possível, por exemplo, fechar um acordo com o Japão e faltar etanol nos postos japoneses porque não houve produção, justificou.

O presidente não detalhou como seria a atuação da Petrobrás, mas é de se supor que caberia à estatal firmar contratos com os produtores de álcool capazes de garantir o abastecimento, a despeito das oscilações de preço do açúcar – problema que ocorre no Brasil.

Produtores pedem que presidente tente derrubar barreiras dos EUA

Lula apontou como prioridade nas relações com os Estados Unidos a parceria para a produção de biocombustíveis e confirmou que esse será o ponto central do encontro que terá na semana que vem com o presidente dos EUA, George W. Bush. Está provado que o mundo não precisa ficar dependente do petróleo, destacou.

No jargão dos especialistas do setor energético, Lula disse que a mudança da matriz – a troca do petróleo pelo álcool – poderá servir para acelerar o desenvolvimento das regiões mais pobres do planeta. Ele afirmou que tentará convencer o presidente Bush a estimular o plantio de cana-de-açúcar na África e no Haiti e lembrou que nos EUA o álcool é produzido a partir do milho. Garantiu que pedirá ao colega americano: Vamos deixar o milho para as galinhas, Bush! Os Estados Unidos foram apontados por Lula como um parceiro estratégico. Para ele, o momento é favorável. Os EUA cometeram o erro histórico de, durante muito tempo, não darem atenção à América Latina, declarou. E o Brasil cometeu o erro de ser subserviente durante décadas. Nenhum interlocutor respeita a subserviência. Agora, segundo o presidente, o País está pronto para aprender com os Estados Unidos, mas também para ensinar.

MENOS TARIFAS

Em meio à perspectiva de um acordo sobre biocombustíveis, o setor produtor de álcool pediu ontem a Lula que interceda junto a Bush para o fim das barreiras comerciais sobre o etanol brasileiro. Incide sobre o combustível exportado para os EUA uma tarifa de US$ 0,54 por galão – ou R$ 0,30 por litro – e imposto de 2,5%. Na terça-feira, o chanceler Celso Amorim já havia tocado no assunto, dizendo que os tributos terão de ser reduzidos e que o assunto estará na mesa de negociações. É importante que o presidente possa transmitir a Bush essa nossa vontade inabalável de abertura. O mercado de petróleo e de derivados é feito em livre comércio e nós não podemos aceitar que o comércio de etanol seja feito nos moldes do século 19, com proteção de mercado, como acontece hoje, disse Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa os usineiros do Centro-Sul do Brasil, responsáveis por 70% da produção de álcool no País.

O Brasil exportou para os americanos 2 bilhões dos 3,5 bilhões de litros de álcool enviados ao exterior em 2006. O País produz 18 bilhões de litros de combustível a partir da cana e só perde para os Estados Unidos, que processa 20 bilhões de litros de álcool de milho.

Indagado se o setor sucroalcooleiro iria priorizar o mercado externo de álcool caso as tarifas para os Estados Unidos fossem zeradas, Carvalho afirmou que a prioridade do setor é o mercado interno. Tudo que exportar será o excedente do mercado interno. Nada acontece do dia para noite e temos capacidade de produzir para os mercados que precisarem.

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