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País enfrentará equilíbrio entre oferta e demanda até 2009

Setor ainda apresenta gargalos na área de geração que podem comprometer o crescente consumo. Nunca o setor energético brasileiro foi tão discutido como nos últimos seis anos. Novos projetos de fontes alternativas foram desenvolvidos e os mais tradicionais como hidráulica, passaram a receber novos investimentos por meio das estatais, enquanto empresas privadas passaram a ver o Brasil como foco de meganegócios.

Mesmo assim, o setor energético tem encontrado na área de geração, gargalos que podem comprometer a crescente demanda. Pelo levantamento da Comerc Energia, o consumo atual de energia elétrica no País é de aproximadamente 47 mil megawatts (MW) médios. O crescimento estimado do consumo é de 4% a 4,5% ao ano (decorrente de um crescimento do Produto Interno Bruto da ordem de 3% a 3,5%). Isso representa um crescimento anual do consumo da ordem de dois mil MW.

Considerando as usinas que entrarão em operação sem restrição, cujas obras já estão em andamento, o equilíbrio entre oferta e demanda será atingido em 2009. “A partir de 2009 precisaremos contar com a entrada em operação de novas usinas, sejam hidrelétricas ou termelétricas. Uma vez que o prazo de construção de uma usina hidrelétrica de grande porte é de quatro a cinco anos, é vital que o processo de licitação de novos empreendimentos seja realizado imediatamente. Em relação às termelétricas, o efeito Evo Morales acrescentou dois componentes de risco ao processo de licitação de novas usinas: risco de preço e risco de abastecimento”, afirma Marcelo Parodi, vice-presidente da Comerc Energia.

Para suprir o País com esses dois mil MW adicionais anuais, seria necessária a construção de usinas hidrelétricas com capacidade instalada de algo em torno de quatro mil MW em novos empreendimentos, ao ano. O cálculo da Comerc sobre investimentos é de US$ 1,5 milhão por MW instalado. Portanto, serão necessários cerca de US$ 6 bilhões anuais, só em geração.

Conforme levantamento da Associação Brasileira das Geradoras de Energia (Abrage), 84% da matriz energética é composta de fontes hidráulicas; 4,5% de gás natural; 4,2% de biomassa; 3,1% de outras fontes; 2,4% de nuclear e 1,8% de carvão.

Para o presidente da Abrage, Flávio Antônio Neiva, o processo para a criação de novos empreendimentos esbarra quase sempre nos mesmos problemas, licenças prévias e autorizações e, na maioria das vezes, na questão ambiental. “Sempre depositamos grandes expectativas nos leilões porque assim podemos pensar em usinas adequadas que vão suprir as necessidades do setor.” Neiva avalia que o setor precisaria, hoje, de investimentos de R$ 12 bilhões a R$ 14 bilhões ao ano para incrementar 2,8 mil MW médios para uma usina de cinco mil MW de capacidade. “O Brasil precisa buscar uma legislação compatível com as necessidades de geração”, concluiu.

As questões ambientais, segundo a Eletrobrás em dezembro de 2005, comprometeram a participação de quatro hidrelétricas do primeiro leilão de energia nova. A empresa espera que estes empreendimentos, considerados fundamentais para a expansão da geração de energia elétrica, possam ser incluídos no próximo leilão da modalidade A-5 (energia que deverá ser entregue em 2001), previsto para acontecer ainda este ano. As quatro usinas deverão acrescentar quase 800 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A hidrelétrica de Mauá, por exemplo, de 388 MW, já tem como interessado o consórcio formado pela Eletrosul e Copel.

Segundo a Eletrobrás, as usinas do Rio Madeira também serão de grande importância. Estes empreendimentos deverão acrescentar ao SIN cerca de 6,5 mil MW. O governo tem expectativa de que a licença prévia para o empreendimento seja liberada pelo Ibama até o próximo mês. Com isso as usinas poderiam ser licitadas ainda em 2006, com previsão de entrada em operação em 2011.

Enquanto o País procura o rumo certo para a energia enfrentando novos desafios, os estados procuram alternativas individuais para suprir suas demandas. O Rio Grande do Sul, por exemplo, pela Secretaria de Energia, Minas e Comunicação espera em breve atingir a auto-suficiência. Para isso, o governo vem desenvolvendo programas e investindo na área de geração. A capacidade, que hoje é de 4.259 MW, deverá passar para 7.412 MW, até 2010 um investimento de aproximadamente R$ 9,5 bilhões.

Para demonstrar que a energia é um dos principais desafios do governo federal, em sua visita a São Paulo na última semana, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff destacou a importância do setor principalmente das fontes alternativas. “O Brasil tem um grande papel na questão da energia e combustíveis renováveis, como biodiesel e bioetanol. Esse serão os dois grandes pólos de desenvolvimento econômico do País”, afirmou a ministra.

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