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País asiático poderá ser porta de entrada para a região

Jacarta (Indonésia), Indonésia tem forte demanda por serviços e produtos do setor deinfra-estrutura. A cooperação para a produção de biocombustíveis ocupa o principal lugar na agenda das relações bilaterais Brasil-Indonésia, mas representantes dos governos dos dois países ressaltam que há oportunidades em outros setores para empresários brasileiros que queiram investir na Indonésia, e vice-versa. Os principais parceiros comerciais da Indonésia são Japão, China, Estados Unidos, Cingapura, Austrália e Holanda.

“A Ásia é um segredo bem guardado. Quem conhece esse segredo não conta para os outros”, diz o embaixador do Brasil na Indonésia, Edmundo Sussumu Fujita. “Meu desafio é fazer com que o empresariado brasileiro volte os olhos para a Ásia. A China todo mundo olha, todos estão cansados de ver o Japão, e a Índia tem chamado a atenção. Mas o Sudeste Asiático ninguém conhece. E os países desta região também não conhecem a América Latina.”

De acordo com o embaixador brasileiro, a Indonésia tem forte demanda por serviços e produtos do setor de infra-estrutura. Nas grandes cidades, como a capital Jacarta, o mercado imobiliário cresce rapidamente. Há também aumento da procura por serviços de saneamento básico. Fujita faz um alerta: como o governo indonésio não tem dinheiro para financiar as empresas estrangeiras que pretendem atuar no país, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teria de financiar os clientes dos brasileiros.

Ou, numa operação triangular, bancos de outros países, como Japão ou Austrália, que têm interesse em ampliar sua presença na Indonésia, poderiam realizar os empréstimos. O ministro das Comunicações e Informática da Indonésia, Sofyan Djalil, destaca também as oportunidades no setor de telecomunicações. Os serviços ainda não chegaram à grande maioria da população, de 242 milhões de habitantes. Há apenas 10 milhões de linhas de telefone fixo no país e 20 milhões de usuários de internet. Os telefones celulares são mais difundidos. Cerca de 60 milhões de indonésios têm aparelhos móveis. “Há muito espaço para investir em telecomunicações na Indonésia”, declara o ministro.

Bali Moniaga, diretor do Departamento de África do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia e possivelmente o futuro embaixador indonésio no Brasil, aconselha as empresas brasileiras dos setores de energia renovável, laticínios, soja e equipamentos militares a apostarem na Indonésia a fim de aumentarem as exportações. Moniaga – cuja designação deve ocorrer nos próximos dias – afirma que as exportações indonésias de borracha para o Brasil também podem crescer.

O governo indonésio pretende atrair mais turistas da América Latina, já que a maioria é de outros países asiáticos, da Austrália e da Holanda, que até 1949 colonizou a Indonésia. A ocorrência de desastres naturais nos últimos anos, no entanto, reduziu o fluxo de turistas. Em dezembro de 2004, cerca de 300 mil pessoas foram vítimas de um tsunami. Outro tsunami de proporções menores matou mais de 600 pessoas em julho. Em junho, um terremoto causou a morte de mais de 6 mil pessoas na Ilha de Java. “Brasil e Indonésia precisam facilitar e incentivar parcerias entre empresas dos dois países”, diz Moniaga.

Para Effedi Msi, secretário-geral da Regência de Jepara (localizada na província de Central Java), outro mercado a ser explorado com mais força pelas empresas brasileiras na Indonésia é o de madeira. A Indonésia é conhecida mundialmente pela sua produção de móveis. A indústria, entretanto, está perdendo mercado para China e Vietnã. A produtividade no setor de madeira diminuiu, o que gerou um aumento do preço da matéria-prima e, conseqüentemente, dos móveis. Por isso, as empresas produtoras e exportadoras de mobília precisam de novos fornecedores. A produção de móveis da Indonésia, que soma US$ 37 milhões por ano, é exportada para 62 países. O Brasil não consta da lista.

Apesar de o intercâmbio comercial entre a Indonésia e o Brasil estar crescendo, o embaixador Fujita e integrantes do governo da Indonésia consideram-no pequeno. No ano passado, o fluxo comercial entre os dois países totalizou US$ 954,4 milhões, crescimento de 26,8% na comparação com 2004. Entre janeiro e julho deste ano, atingiu US$ 559,8 milhões. As importações brasileiras somaram US$ 313,3 milhões e as exportações, US$ 246,5 milhões.

Os principais produtos exportados pelo Brasil para a Indonésia são minério de ferro, bagaço e resíduos sólidos provenientes da extração do óleo de soja, fumo, algodão, produtos químicos, aviões, couro e tubos de aço. Já as mercadorias mais procuradas pelos brasileiros são borracha, têxteis, cacau e partes de equipamentos de radiodifusão.

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