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PA poderia liderar produção de álcool e mandioca

O Estado do Pará, que já é hoje um dos maiores produtores de farinha do país, poderá também se tornar em futuro próximo o maior produtor nacional de álcool combustível que tem como matéria-prima a mandioca. Isso se essa atividade econômica não vier a sofrer restrições da parte do governo, sempre muito lépido quando se trata de criar dificuldades para o desenvolvimento do agronegócio na Amazônia, como já fez emrelação à cana-de-açúcar.

De qualquer forma, o Pará mais uma vez está saindo atrás. A dianteira, desta feita, está com o Tocantins, Estado de pouca ou nenhuma expressão no ranking nacional dos produtores de mandioca. Graças a uma parceria entre a Universidade Federal do Tocantins e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), já foi iniciada a implantação, em Porto Nacional, de um projeto modelo para a produção de biocombustível extraído da mandioca.

A usina funcionará como instrumento de capacitação e de validação de um modelo de negócio para a agricultura familiar naquele Estado e terá capacidade para processar 40 toneladas de mandioca por dia. A produção prevista é de sete mil litros diários e de dois milhões de litros de álcool por ano. O projeto já prevê a expansão da unidade industrial de processamento, com a consequente ampliação das áreas de cultivo.

Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Tocantins produz por ano 349.648 toneladas de mandioca, ocupando o 20º lugar no ranking nacional.

De acordo com os mesmos dados do IBGE, da produção nacional de 26.541.200 toneladas de mandioca, o Pará é o maior produtor brasileiro com 5.216.995 toneladas. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atribui ao Brasil uma produção um pouco maior, de 27.312.946 toneladas, em números relativos a 2007. De acordo com o engenheiro agrônomo Moacir da Cruz Rocha, especialista em gestão da informação do agronegócio, com o emprego de moderna tecnologia é possível produzir hoje 85 litros de álcool com uma tonelada de cana. Já uma tonelada de mandioca, com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares, produz 211 litros de álcool combustível, rendimento quase duas vezes e meia superior ao da cana. Além disso – destaca Moacir Rocha –, já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporciona produtividade maior – 230 litros de álcool combustível por tonelada.

Ele chama ainda a atenção para o fato de que, ao contrário da cana-de-açúcar, uma gramínea forrageira que só produz em ciclos de seis meses, a mandioca pode ser produzida o ano inteiro. “Outra vantagem da raiz sobre a cana-de-açúcar é a grande diversidade genética da planta, que foi gerada e domesticada no Brasil e que tem como ‘berço’ a Amazônia”, enfatiza.

O especialista aponta para a necessidade de se buscar uma estratégia política adequada para equilibrar e otimizar o potencial produtivo do Pará. Para Moacir Rocha, é preciso que se busque envolver mais a tecnologia brasileira a essa atividade e torná-la mais integrada às necessidades dos Estados, tanto quanto às prioridades econômicas do país. “Também há que se buscar o apoio das instituições de pesquisa, sem as quais não se pode gerar desenvolvimento sustentado”, assinala.

>>> O Brasil é 2° maior produtor de mandioca

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a produção mundial de mandioca em 2007 alcançou o volume de 228.138.068 toneladas, destacando- se a Nigéria como o maior produtor do planeta, com 45.750.000 toneladas.

O Brasil, com 27.312.946 toneladas, de acordo com os dados FAO (ou 26,5 milhões de toneladas, segundo os números do IBGE), ocupa o 2° lugar do ranking. Apesar de ser cultivada em todo o país, a mandioca concentra-se em três Estados, onde estão 50% da produção brasileira: o Pará, que responde por mais de um quinto (20,3%) de toda a produção brasileira, Bahia (16,5%) e Paraná (14,4%). Fica também no Pará o município maior produtor de mandioca do Brasil – Acará, cuja produção média corresponde a cerca 2,5% da produção nacional.

Da produção mundial, de acordo com números da FAO, mais da metade, 117,8 milhões de toneladas, (51,6% do total de 228,1 milhões de toneladas), é produzida no continente africano, vindo em segundo lugar o continente asiático, com 71,8 milhões. O continente americano é o 3° produtor mundial,com 38,2 milhões de toneladas, dos quais a quase totalidade concentrada na América do Sul e, nesta, a maior parte (27,3 milhões) no Brasil. Além de Nigéria (45,7 milhões de toneladas) e Brasil (27,3 milhões), são grandes produtores de mandioca a Tailândia (26,4 milhões), Indonésia (19,6 milhões), Congo (15 milhões), Gana (9,6 milhões), Vietnam (8,9 milhões), Angola (8,8 milhões), Índia (7,6 milhões), Moçambique (7,3 milhões), Tanzânia (6,6 milhões), Paraguai (5,1 milhões), Uganda (4,4 milhões) e China, com 4,3 milhões de toneladas/ano.

Em relação à China, aliás, há um detalhe curioso, que serve também para realçar o potencial produtivo do Pará, conforme faz questão de frisar Moacir Rocha. Embora tenham uma produção significativamente menor que a do Pará, os chineses já dispõem, espalhados por seu vasto território, de numerosos projetos de miniusinas de etanol extraído da mandioca.

Isso se explica, em parte, pelo fato de que o governo chinês não permite a produção de etanol a partir de grãos, como forma de proteger a produção de alimentos, prioridade absoluta naquele país. Pela mesma razão é que a China não expande a sua produção de mandioca para produção de etanol, já que haveria o risco de comprometer as terras destinadas ao cultivo de grãos e apropriadas pelo governo como garantia da segurança alimentar para a gigantesca população chinesa.

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