Outro recorde da Bolsa: 23.716 pontos
Sem definir tendência durante quase todo o pregão, a Bolsa de Valores de São Paulo recuperou fôlego suficiente nos instantes finais para registrar alta de 1,7% no dia e levar o Ibovespa a fechar próximo da máxima. O Ibovespa atingiu novo recorde histórico ontem, de 23.716,82 pontos. Mais uma vez, o pregão mostrou forte volatilidade, um reflexo direto da queda-de-braço de investidores dispostos a apostar no cenário macroeconômico favorável ou aproveitar a valorização acumulada de alguns papéis para realizar lucros.’A Bovespa se tornou uma montanha russa, mas sua indicação continua ascendente’, afirmou o economista Avelino Gonçalves de Almeida Filho, da Lógica de Mercado, para que a perspectiva de lucros maiores das empresas continuará a estimular o ingresso de mais investidores.
O ânimo parece de fato redobrado, a julgar da firmeza do giro financeiro, que ontem foi de R$ 1,613 bilhão, possibilitando uma forte flutuação dos preços de vários papéis. O destaque positivo do pregão foi a ação da Ipiranga Petroquímica, que passou parte do dia liderando a alta. O motivo foi o rumor de que a negociação de venda da empresa para a Petrobras estaria praticamente concluída. Só após o envio de comunicados das duas empresas à Bovespa, desmentindo o término das negociações, é que as preferenciais da Ipiranga perderam a liderança entre as maiores altas do dia. Mesmo assim, exibiu a terceira maior valorização do dia, de 9,3%, levando o lote de PNs a valer R$ 18,64. Apenas os papéis da Net e da Tractebel superaram os da Ipiranga. O primeiro, castigado nas últimas sessões, voltou a recuperar terreno, com alta no dia de 18,3% e valor unitário de R$ 1,03, mas abaixo do teto de R$ 1,20. A Tractebel continua a apropriar da incerteza dos investidores em outros papéis do setor elétrico. Resultado: o lote de ordinárias subiu 15%, passando a valer R$ 10,50.
As ações preferenciais da Telemar e da Petrobras continuam a liderar o giro, aproveitando da condição de líderes na composição do Ibovespa. Sob o comando da Telemar, com alta de 1,27% no dia (valor do lote de PN foi de R$ 47,50 no fechamento), os papéis de telecomunicações estiveram entre os de maior giro, incluindo-se aí os da Telesp Celular Participações (movimentação de R$ 40,5 mi e valorização de 4,37% das PNs) e Brasil Telecom (R$ 36,6 mi e alta de 4,72%). Com isso, o índice setorial das teles subiu 3,4% ontem e 7,8% na semana
Já as ações do setor elétrico repetiram o mau desempenho do pregão anterior, pressionando o índice para baixo, numa movimentação indicando a realocação da carteira dos investidores. Durante a sessão, os papéis da Light e Cemig, por exemplo, foram bem castigados pela onda vendedora, mas, no fim do dia, a liderança setorial voltou para Eletrobras ON, com queda de 2,2%, a terceira maior do dia. O lote encerrou o dia em R$ 42,80.
Mercado abriu atento à inflação em São Paulo
O mercado iniciou o dia avaliando os dados da inflação de dezembro na cidade de São Paulo e da produção industrial brasileira, divulgados, respectivamente, pela Fipe e o IBGE. A divulgação do índice da atividade industrial de novembro, esperada pelo mercado para confirmar ou não tendência de recuperação das indústrias para este ano, pareceu já estar precificada. O índice revelou expansão de 0,8% da produção industrial de novembro sobre o mês anterior, fazendo-o, no acumulado do ano, registrar uma variação positiva de 0,1%.
Para o mercado, o fechamento do índice no terreno positivo é precondição para confirmar a recuperação econômica de 2004. Já o IPC-Fipe, de 8,17% em 2003, ficou abaixo dos 9,9% de 2002, indicando que a inflação permanece declinante e sob controle. Embora positivos, os dados não mexeram com o ânimo do mercado, ajulgar da ligeira alta registrada nos momentos iniciais do pregão, cedendo em seguida. No pior momento, o Ibovespa recuou aos 23,1 mil pontos e, na máxima, alcançou 23,718 mil.
