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Otimização em tempo real impulsiona gestão industrial inteligente nas usinas do Nordeste

Ao otimizar a operação de processos industriais, usinas obtiveram redução de custos, aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos produtos

Otimização em tempo real impulsiona gestão industrial inteligente nas usinas do Nordeste

Ferramenta que permite gerenciar processos industriais em tempo real, a partir de dados coletados por sensores e instrumentos, a otimização em tempo real (OTR) vem transformando o cenário das usinas do setor bioenergético do Nordeste, sendo aplicada em processos como geração de energia, cogeração, moagem, evaporação, fermentação e destilação.

O tema foi pauta do webinar “Gestão Industrial Inteligente na Região Norte/Nordeste”, promovido pelo JornalCana na quarta-feira (13). Sob a condução do jornalista e CEO da ProCana Brasil, Josias Messias, o evento contou com a participação de Luiz Magno Tenório de Brito, diretor agroindustrial da Usina Caeté, Eduardo Jorge Maia Saldanha, gerente industrial da Usina São José do Pinheiro, e Koiti Oda, consultor industrial.

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“A gente tinha uma deficiência muito grande na questão do balanço térmico na empresa, questão de sobra de bagaço, atingir contratos de cogeração, e quando conhecemos o sistema funcionando na Caeté, ficamos bastante motivados para implantar o S-PAA, começando pelo laço de vapor, contribuindo para atender os contratos e quebrar um pouco o paradigma do escape no controle da fábrica, o controle do processo. Chegamos a comprar bagaço durante a safra. Após a implantação, mudamos o cenário da usina em termos de balanço e eficiência. A sobra de bagaços, atendendo contratos, gerando mais excedentes. Então, o primeiro momento foi muito focado na energia. Na segunda etapa, voltamo-nos para a área da fábrica, para melhorar a estabilidade do processo”, destacou Saldanha, da Usina São José do Pinheiro.

Messias destacou que o S-PAA é desenvolvido pela Soteica e resultado de 40 anos de implementação de tecnologias para se chegar ao único software de otimização com tempo real, não só para usinas, mas também para plantas de processo contínuo.

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Com origem no setor petroquímico, o consultor Oda destacou a eficiência e os resultados entregues pela ferramenta. ‘Na indústria petroquímica, esses sistemas são mais comuns, mas não tão sofisticados quanto o S-PAA, que nos ajuda muito em termos de otimizar o sistema de controle das fábricas. O mais surpreendente foram os resultados. Eles surpreenderam a todos’, ressaltou Oda.

‘Passamos duas safras com ele e tivemos ganhos de geração de energia, economia de bagaço, padronização de operação, trabalhando de maneira mais leve e tranquila. No começo, havia certa dúvida, como mencionado pelo pessoal da automação, mas quando vimos o resultado que obtivemos em controle de escape, controle de geração de vapor, controle de turbina, tudo ficou mais fácil para implantar no restante da fábrica e passar para as outras unidades. Dois anos depois, passamos para a Marituba e, a partir do próximo ano, vamos implantar na unidade de Paulicéia, em São Paulo’, informou Magno da Usina Caeté.

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‘É uma estabilização muito grande do vapor do processo. Um paradigma quebrado era a questão do vapor de 1,5 kg para a fábrica. O pessoal do processo queria esse valor e havia uma disputa entre a caldeira e o gerador. Com o aumento do gerador, há oscilação da moenda. Depois que começamos a trabalhar com laço fechado, com o S-PAA, o escape variava conforme a necessidade de atingir o brix do xarope ideal. Isso trouxe estabilidade para a fábrica, abrindo espaço até para aumentar a moagem, sem prejudicar o brix da fábrica. Agora, o laço de vapor na cogeração é espetacular’, exalta Saldanha.

‘Chegamos a vender 4 mil toneladas de bagaço e, neste ano, foram só 80 dias de utilização do laço no primeiro ano. Já implantamos o S-PAA com a safra em andamento. Este ano, vamos vender 3 mil toneladas e temos previsão de vender 8 mil toneladas. O preço do bagaço hoje é diferenciado em relação à energia, então vale mais a pena vender bagaço do que gerar energia. Estamos atendendo apenas os contratos para manter lastro. Outro ganho muito bom foi na extração. No primeiro ano, tivemos 0,20% de extração a mais, o que nos deu cerca de 0,6 sacos por hora de açúcar, quase 18 litros de etanol. E este ano, praticamente dobramos essa meta com a extração, onde tivemos um incremento de 78%’, destacou Saldanha ao comentar os benefícios tangíveis com a adoção do S-PAA.

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Oda observou ainda que ‘alguns instrumentos e equipamentos que pareciam estar funcionando bem, na realidade, não estavam. Com o S-PAA, observamos que precisavam de melhorias. E isso levou à substituição de instrumentos e melhorias nos equipamentos. Então, ele melhora até nas coisas que achávamos que estavam certas, mas na realidade não estavam e que precisavam ser aprimoradas. É o que estamos fazendo agora’, disse, ressaltando que a parte de geração de energia e de vapor foram locais onde se viu um benefício praticamente imediato.

Para Magno da Caetés, ‘você vê os ganhos e fica com vontade de implementar mais coisas. O que eu vejo é que, da safra 21, 22 para cá, para nós tem sido uma revolução dentro das nossas unidades. E todo mundo hoje quer avançar nessa área. É impressionante como todos pensam no que podem fazer melhor e mostram os resultados que estamos conseguindo em produção de açúcar, principalmente neste ano, em que o preço do açúcar está bem diferente do preço do etanol, em termos de geração de energia, principalmente para irrigação. Então, o ganho como um todo foi muito grande, estamos satisfeitos’, disse.

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Messias finalizou destacando a importância do comprometimento das pessoas. ‘De nada adianta uma boa ferramenta sem pessoas. Então quem faz a coisa acontecer são as pessoas. E por isso você vê que em algumas usinas e grupos a coisa avança e em outras está parada há alguns anos. Por quê? Porque é uma ferramenta excelente, mas depende das pessoas. Se tem um setor que é desafiador é a usina, não tem jeito. Você começa um projeto, acha que é de um jeito, mas não sabe o que vai enfrentar pela frente. E você precisa ter gente comprometida com o resultado, com as entregas do projeto”, enfatizou Messias.

Assista o webinar completo:

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