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Orgânicos crescem 50% e movimentam US$ 300 milhões

Cerca de 70% é exportado, sendo os Estados Unidos, Japão e Alemanha os grandes compradores. O negócio de produtos orgânicos se profissionalizou e ganhou credibilidade e escala. No Brasil, é um mercado em ascensão, que cresce bem acima da média dos segmentos de alimentos, bebidas e cosméticos convencionais. Nos últimos dois anos, principalmente, houve uma expansão anual de até 50% nas vendas, bem superior à verificada em outros países, grandes consumidores mundiais de produtos livres de agrotóxicos, como a Alemanha e os Estados Unidos. A Biofach América Latina, feira que ocorre nesta semana no Transamerica Expo Center, em São Paulo, vem confirmar essa trajetória ascendente do setor de orgânicos.

O impulso para o crescimento deste mercado no Brasil é a consciência do consumidor, além do aumento do poder aquisitivo da população. Do lado dos produtores locais houve uma importante evolução no conhecimento da atividade, que se profissionalizou e começou a adotar estratégias de negócio como ampliação dos investimentos em marketing. O cultivo de orgânicos se concentra em médias propriedades, que tratam de diversificar a produção e buscar canais de exportação. Para coroar o processo de desenvolvimento do negócio, ganhou força a certificação, que garante a qualidade dos processos produtivos e das matérias-primas orgânicas.

Atualmente, 18 certificadores atuam no País. “Estamos vivendo a fase de pré-regulamentação. Como o Estado não fiscaliza os produtos orgânicos, o consumidor consciente o faz, e as marcas não certificadas são inibidas pelo próprio mercado”, diz Gustavo Bach, representante da certificadora BCS Öko-Garantie no Brasil.

O mercado de orgânicos no Brasil já movimenta hoje anualmente cerca de US$ 300 milhões, 70% dos quais são obtidos por exportações. Mundialmente, o negócio com produtos que utilizam matérias-primas cultivadas de maneira limpa e sem agrotóxicos move perto de US$ 30 bilhões, conforme levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC). Estados Unidos, Japão e Alemanha estão entre os países que mais consomem produtos orgânicos. O Brasil, que só recentemente aderiu profissionalmente a esse mercado, se situa hoje em 34° lugar entre os exportadores do setor, mas sua marca já começa a ser reconhecida nos países consumidores. Em 2005, o Brasil foi tema da feira Biofach, na Alemanha, maior e principal feira de orgânicos do mundo. O evento deste ano em São Paulo é o segundo realizado no País.

Entre os produtos orgânicos brasileiros mais exportados estão: café, cacau, soja, açúcar mascavo, erva-mate, suco de laranja, mel e frutas secas e frescas. Os médios produtores garantem 80% das exportações. A produção de orgânicos está concentrada nos estados do Sul e Sudeste e espalhada por uma área estimada de 900 mil hectares em cerca de 14 mil propriedades. Muitos produtores rurais estão migrando suas lavouras para modelos orgânicos e sustentáveis, buscando driblar a competição no mercado tradicional e aumentar suas margens de lucros. Na agroindústria, algumas marcas tradicionais também vão atrás de oportunidades no negócio de orgânicos.

É o caso da fabricante de bebidas Milani, cuja linha de sucos orgânicos cresceu a taxas de 50% nos últimos dois anos, enquanto os produtos tradicionais da empresa seguem com as vendas estáveis. “No início, achamos que a linha não iria vingar, mas de 2004 para cá, registramos um grande crescimento”, afirma o diretor de vendas da Milani, Renato Rocha. A linha de orgânicos representa 15% do faturamento anual da empresa, que totaliza cerca de R$ 40 milhões.

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