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ONU quer ampliar uso de renováveis

Preocupada com os altos índices de emissão de gás carbônico emitidos pelos combustíveis fósseis, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável Para Todos. A medida tem o objetivo de alertar o planeta quanto aos riscos do aquecimento global. Dados recentes apontam que a calota de gelo do Oceano Ártico, na região do Polo Norte, atingiu a menor área já registrada – 3,4 milhões de km2. Em 1979, a cobertura de gelo era de 7 milhões de km2.

A iniciativa anunciada no primeiro semestre pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, não prevê punições aos países filiados, mas estabelece três metas a serem cumpridas até 2030: assegurar que todos os cerca de 7 bilhões de habitantes do planeta tenham acesso a serviços modernos e mais sustentáveis de energia; reduzir em 40% a intensidade energética global e aumentar em 30% o uso de energias renováveis. Hoje, segundo dados da ONU, cerca de 3 bilhões de pessoas nos países em desenvolvimento dependem da biomassa tradicional (madeira, lenha e resíduos de animais) e do carvão e aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas vivem sem eletricidade.

Por conta de sua geografia, o país tem abundância de recursos naturais que o coloca em situação privilegiada em relação aos demais países. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 45,3% da produção energética vem de fontes renováveis, como recursos hídricos, biomassa e etanol e, em menor escala, energia eólica e solar.

As hidrelétricas são responsáveis pela geração de mais de 75% da eletricidade; o restante vem de termelétricas, que utilizam gás natural. Em média, as fontes renováveis respondem por cerca de 13% da matriz energética dos países industrializados, caindo para 6% nas nações em desenvolvimento.

Na avaliação de Ana Lucia Dolabella, diretora do Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental do MMA, o desafio será manter a alta participação de fontes renováveis. “Temos que considerar o crescimento populacional e o poder de consumo da população nas próximas décadas.”

Para Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico, da UFRJ, a única meta a ser trabalhada nos próximos anos é com relação à maior intensidade energética, ou seja, investir em pesquisas, tanto em bens de consumo duráveis (itens de linha branca e eletrodomésticos) como na indústria, que resultem em menor consumo. “Mas já há progressos nesse sentido”, afirma.

Castro destaca o Programa Nacional de Conservação de Energia (Procel), que certifica com um selo de qualidade os equipamentos que comprovadamente consomem menos energia. O próprio MMA admite que a meta de 40% estipulada pela ONU dificilmente será cumprida. Mas o índice foi pensado com foco nos países desenvolvidos com alto consumo energético e baixa matriz energética de renováveis. Os estudos efetuados pelo Gesel apontam que a vocação natural do Brasil está na construção de hidrelétricas, em razão do domínio da cadeia tecnológica e do menor impacto ambiental comparado a outras alternativas.

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