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Óleo de cozinha vai virar biodiesel

Um litro de óleo de fritura é capaz de contaminar um milhão de litros de água. Para conscientizar a população da necessidade de reciclar o resíduo, no lugar de descartá-lo, estudantes de escola pública da Zona Oeste do Recife estão recolhendo na comunidade óleo de cozinha usado. O projeto começou em janeiro e já resultou no armazenamento de 100 litros. O produto será levado para Usina Piloto de Biodiesel do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), em Caetés, a 249 quilômetros do Recife, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O biodiesel produzido na usina está em fase de teste em ônibus e veículos de trilha de Garanhuns, também no Agreste.

“A usina trabalha com, pelo menos, 300 litros. Por isso, estamos esperando juntar mais”, diz a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Cláudia Bejan, parceira do projeto. O trabalho é realizado por 40 alunos da Escola Diario de Pernambuco, no Engenho do Meio, integrante da rede estadual de ensino.

Na escola, com 1.510 alunos dos ensinos fundamental e médio, os alunos filtram o óleo. O processo ocorre no laboratório de química, sob a coordenação do professor Gelson de Oliveira Júnior. “Produzir biocombustível com óleo de fritura significa menos impacto ambiental. Além de evitar o descarte do produto, evita-se o uso de sementes que poderiam ser destinadas à alimentação”, diz o docente.

O aproveitamento do óleo de fritura é de 90%. Ou seja, de cada 100 litros de óleo de fritura processados, 90 são transformados em biodiesel. A química Cláudia Bejan explica que, na natureza, o óleo é considerado poluente porque impede as trocas gasosas da água com a atmosfera.

A pesquisadora, ligada ao Departamento de Química da UFRPE, lembra que o óleo não se mistura à água. “Ele se espalha na superfície, impedindo que haja a oxigenação da água. Com isso, não há troca gasosa com a atmosfera, aumentando a concentração de gás carbônico na água, o que é prejudicial aos seres vivos aquáticos”, diz.

O projeto, que inclui visitas de campo dos alunos, será concluído em junho. A solenidade ocorrerá no começo do mês, no Centro de Ensino de Graduação Obra-Escola (Cegoe), na UFRPE. O próximo passo será criar uma cooperativa para coletar o óleo e encaminhar para o beneficiamento. “Pode-se fabricar biodiesel ou sabão com o produto.”

A estudante do terceiro ano do ensino médio, Viviane Aguiar, 17 anos, se entusiasmou tanto com o projeto que decidiu prestar vestibular para engenharia química. “O ambiente do laboratório é muito legal. Me sinto à vontade aqui”, justifica. Outro aluno, Ubirajara Araújo da Silva, 15, também pretende estudar química na graduação. Assim como Rebeca da Silva, 16. Já Ana Jéssica Cardoso, 16, tentará uma vaga em nutrição. “Vou estudar a química dos alimentos”, prevê.

O diretor da escola, Carlos Alberto da Costa, acredita que projetos de extensão não só despertam vocações como também elevam a auto-estima dos alunos. “Eles ficam mais motivados. O comportamento, o interesse, o rendimento, tudo melhora”, avalia.

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