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Oferta mundial de açúcar deve cair em 2009

O mundo dispõe de um enorme estoque de açúcar, mas a oferta global da commodity deve ficar mais apertada no próximo ano, devido a problemas causados pela chuva na safra do Brasil e pela queda na produção da Índia, o que indica preços maiores.

A Organização Internacional do AÇúcar (OIA) estima que os estoques globais devem ficar em cerca de 70 milhões de toneladas ao final de setembro, cerca de 8 a 9 milhões de toneladas acima do mesmo período de 2007.

A entidade sediada em Londres prevê que os estoques cairão em apenas 2 a 3 milhões de toneladas em setembro de 2009.

Mas, apesar dos altos estoques, muitos traders acreditam que os preços do açúcar aumentarão no médio prazo. Segundo essas projeções, a oferta dos importantes produtores (Brasil e Índia) diminuirá, enquanto o consumo sofrerá uma firme elevação.

A qualidade da cana no Brasil, maior produtor mundial, está abaixo da do ano passado, por conta de pesadas chuvas que caíram no início da safra. E as usinas estão utilizando mais cana para fazer etanol no lugar do açúcar.

Diversos analistas esperam ainda que a Índia, segundo maior produtor de açúcar e maior consumidor mundial, passe a ser um importador líquido, em vez de exportador, com a queda de sua safra.

O primeiro contrato futuro de açúcar, indicador dos preços físicos, já subiu 28% neste ano.

Na bolsa de Nova York (ICE), o vencimento outubro caiu 0,46 centavo para 13,39 centavos de dólar por libra-peso na sessão desta quinta-feira.

De acordo com um levantamento feito com analistas no mês passado, o mercado de açúcar caminha em direção a um déficit no ano que vem, forçando uma aguda elevação nos preços.

A pesquisa projetou que o primeiro vencimento na ICE deve subir 38 centavos em um ano, para 14,95 centavos de dólar por libra-peso ao final de 2008.

Esse aumento refletiria expectativas de aumento da demanda por etanol feito a partir da cana-de-açúcar, uma redução na produção, um aperto nos estoques e o incremento na demanda pelo produto, sobretudo em países emergentes com forte crescimento econômico.

Um forte apetite de fundos de investimento pelos futuros das soft commodities neste ano também contribuiu para elevações nos preços.

“A produção (de açúcar) no ano que vem vai cair”, disse Sergey Gudoshnikov, importante economista da OIA.

“Uma questão chave será a Índia, se os estoques excedentes estarão disponíveis para o mercado mundial ou não.”

Depois de uma produção recorde de 28,4 milhões de toneladas no ano passsado, a produção indiana deve cair em 2008/09 por uma queda no plantio e o tempo chuvoso.

“A produção deve cair para entre 22 e 22,5 milhões de toneladas em 2008/09”, disse Atul Pandey, gerente da Bunge Índia.

Há ainda no mercado um debate sobre a extensão dos danos provocados pelas chuvas na produção brasileira.

“A produção de açúcar nesta safra será a mesma da anterior. Nós temos certeza disso com base no rendimento que nós temos visto nessa época do ano, quando a produção atinge seu pico nas usinas”, disse Antonio Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

A produção de açúcar no centro-sul do Brasil até 31 de julho totalizou 10,7 milhões de toneladas, 2,5% a menos do que as 11 milhões de toneladas registradas há um ano pela Unica.

Nos próximos meses, as usinas destinarão mais cana para a fabricação de etanol, disse Pádua. Isso afetará os estoques de açúcar.

A Tailândia, que figura entre os cinco principais produtores mundiais de cana, deve ter sua produção reduzida em 4% para 72 milhões de toneladas, de acordo com dados governamentais (Reuters, 15/08/08)

Czarnikow: déficit mundial de açúcar deve ser de 3,3 mi toneladas

A queda na produção de açúcar da Índia e da Europa resultará em um déficit mundial de açúcar de 3,3 milhões de toneladas em 2008/09, segundo estimativa da empresa britânica Czarnikow. A situação do mercado contrasta com um excedente global de 11 milhões de toneladas na safra anterior. Em 2008/09 a produção mundial deve alcançar 164,1 milhões de toneladas, em comparação a 172 milhões em 2007/08.

“A produção da Índia deve cair 5 milhões de toneladas, para 23,91 milhões de toneladas. A redução deve-se principalmente à perda de área, já que produtores começaram a optar por outras culturas mais rentáveis que a cana, como trigo, arroz e grãos de leguminosas”, afirmou a Czarnikow.

A produção do Brasil em 2008/09 foi apontada em 33,5 milhões de toneladas, quase inalterada em relação a 2007/08. As informações são da Dow Jones.

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