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Odebrecht capta no exterior US$ 800 mi

Mesmo em um dia ruim para os mercados, a Construtora Norberto Odebrecht fechou ontem a captação de cerca de US$ 800 milhões no exterior. A empresa, além de ser um nome conhecido lá fora, está na faixa de grau de investimento, ou seja, é considerada menos arriscada. Já a produtora de açúcar e álcool Aralco, que testava o apetite para uma primeira emissão externa – que foi classificada com um grau “altamente especulativo” -, decidiu adiar a colocação.

A operação da Odebrecht envolveu duas tranches. Na emissão em dólar de 12 anos, a companhia captou US$ 550 milhões, pouco acima do que pretendia. O rendimento ao investidor caiu dos 4,625% pretendidos inicialmente para 4,5% ao ano. O cupom (juro nominal) ficou em 4,375% ao ano.

Na outra tranche, de títulos denominados em reais com prazo de cinco anos, a construtora levantou R$ 500 milhões. O retorno para o investidor também caiu, dos 8,5% iniciais para 8,375% ao ano. O cupom ficou em 8,25% ao ano.

A demanda para cada uma das tranches, segundo fonte que acompanhou a operação, superou em três vezes a oferta, mas a companhia optou por levantar apenas o volume necessário para recomprar bônus que vencem em 2020 e 2023, que alcançam estoque de cerca de US$ 850 milhões no mercado. O resultado da oferta de recompra feita aos investidores detentores desses títulos só deve sair no próximo dia 24.

A operação foi coordenada por BTG Pactual, Credit Agricole, Deutsche Bank, Santander e Scotiabank e recebeu classificação “BBB-” pela S&P e pela Fitch, na faixa de grau de investimento.

Hoje, está previsto o fechamento da emissão de notas perpétuas da construtora OAS, de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões. Ainda no setor de construção, a Andrade Gutierrez está em “road show” para fazer sua primeira emissão lá fora, de cerca de US$ 500 milhões.

Já a Aralco adiou a emissão, por conta de condições ruins de mercado. A empresa planejava captar pelo menos US$ 200 milhões com bônus para 2020, com opção de resgate a partir de 2017, para melhorar seu perfil de endividamento e ganhar fôlego para investir.

A Aralco tem um perfil financeiro mais arriscado, com mais da metade da dívida líquida de cerca de R$ 620 milhões vencendo até 2014, mesmo após recente alongamento. Do total, cerca de 60% estão nas mãos dos bancos Votorantim (R$ 141 milhões), Credit Suisse (US$ 55 milhões), Itaú BBA (R$ 87,2 milhões), HSBC (R$ 25 milhões) e Pine (R$ 37,6 milhões). Os recursos captados teriam como destino quitar parte dos passivos com esses bancos, que coordenam a operação.

Segundo um investidor, a piora de humor atrapalhou a colocação, por se tratar de um nome novo e com perfil “high yield” – a emissão recebeu a nota “B” da S&P e Fitch. Segundo uma fonte de banco de investimento, a demanda chegou a US$ 300 milhões, mas não seria suficiente para colocar US$ 200 milhões, diz outra fonte. Assim, preferiu esperar melhores condições de mercado, já que não tem pressão de caixa. Com a documentação atual, ela tem até meados de maio para fazer a emissão.

A desvalorização de títulos da Marfrig e da OGX, com fortes perdas nos últimos dias, o anúncio de reestruturação de dívida por construtoras mexicanas, além de dados ruins da China, atentado a Boston, entre outros, também contribuíram para o aumento da aversão a risco.

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