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Odebrecht acelera plano de produzir álcool em Angola

Depois de dois anos de pesquisas, testes de produtividade e escolha das melhores espécies, a Odebrecht e seus parceiros angolanos iniciam neste mês o plantio final de cerca de 4 mil hectares de cana-de-açúcar em uma fazenda nas proximidades da hidrelétrica Capanda, construída pela mesma Odebrecht durante os períodos mais duros da guerra civil no país, nas décadas de 80 e 90. O projeto, que ganhou o nome de Biocom, é uma joint venture firmada entre a companhia brasileira, a gigante petrolífera angolana Sonangol e a Damer, um grupo privado do país africano. O objetivo da Biocom, onde a Odebrecht tem 40% das ações, é já a partir de 2012 produzir anualmente 250 milhões de toneladas de açúcar, 30 mil metros cúbicos de etanol e 160 mil megawatts com a queima dos resíduos da produção.

Prestes a completar 25 anos de operação em Angola, a Odebrecht caracterizou-se no país como uma construtora de obras de infra-estrutura, principalmente viária e elétrica, e investidora em minas de diamantes, uma das maiores riquezas locais. Além disso, nos últimos anos, tem atuado de forma consistente em um mercado imobiliário que vive um momento de expansão inédita, assim como todo o país, que nos últimos três anos cresceu a uma média de 20%. A Biocom é o primeiro investimento direto da companhia brasileira em Angola em produção agrícola e geração de energia. “Angola tem uma potencial agrícola gigantesco, um mercado expressivo, mas hoje não está produzindo nada”, diz Humberto Rangel, diretor de desenvolvimento de negócios da Odebrecht Angola, unidade ligada diretamente à Construtora Norberto Odebrecht no Brasil. O investimento previsto para a Biocom é de US$ 200 milhões.

Apesar de não revelar quanto colocará no projeto, dificilmente a Odebrecht deve investir menos que US$ 80 milhões. A idéia é de que em 2012 a área plantada chegue a 24 mil hectares para que a usina, que está sendo construída no local, possa operar próximo de sua capacidade total. A maior parte dos equipamentos já está sendo instalada e a idéia é realizar a primeira colheita em 2010.

Apesar de todo o potencial de exportação do etanol, nesse primeiro momento a intenção da Odebrecht, que está operando o projeto, é atender basicamente o mercado interno. Destroçada por uma guerra civil de quase 3 décadas, Angola importa absolutamente tudo que consome, inclusive o açúcar, commodity da qual já foi uma grande exportadora. “Há mercado de sobra em Angola, nesse momento não pensamos em exportar nem o açúcar nem o etanol que será produzido por lá”, diz Rangel. Angola é uma das principais operações da Odebrecht no exterior.

Hoje o país africano é a sexta maior receita da construtora no mundo, incluindo o Brasil, que em 2007 atingiu R$ 8,8 bilhões. A operação africana, que também engloba Moçambique, é responsável por 19% desse faturamento e por 16% da carteira de contratos firmes de R$ 17 bilhões com vencimento em 2011. A Odebrecht não revela números individuais, mas levando-se em conta as 40 obras que a empresa realiza hoje no país e os investimentos em mineração e no mercado imobiliário, é fácil estimar que Angola seja a maior responsável pelos números africanos totais da empresa.

Crescendo a taxas muito maiores que as chinesas, Angola deve ampliar ainda mais sua importância para a companhia brasileira. Neste ano o governo do país deve definir os detalhes de um projeto nacional de geração de energia que vai englobar a construção de duas usinas com capacidade total de mais de 5 mil megawatts. Hoje Angola produz pouco mais de mil megawatts e a maior responsável por isso, com cerca de 50% da capacidade do país, é a usina de Capanda, construída pela Odebrecht. “O setor hidrelétrico é muito interessante para nós, estamos muito atentos às oportunidades que surgirão”, diz Rangel. Apesar de afirmar não pretender operar as novas usinas, o executivo não descarta a possibilidade de a Odebrecht vir a ser uma das investidoras no projeto.

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