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Ocorrência de Agrotóxicos em Maçãs

Os agrotóxicos são insumos importantes na agricultura moderna, principalmente para controle de pragas e doenças em plantas. No entanto, se não empregados adequadamente, podem tornar-se de grande risco, tanto para a saúde pública como para o meio ambiente, contaminando o solo, o ar, a água, envenenando animais, levando ao desenvolvimento de resistência por parte dos insetos e deixando resíduos em alimentos, principalmente frutas e vegetais.

A maçã é uma cultura perene, de ciclo longo e sujeita ao ataque de várias pragas e doenças. Por isso, muitos tratamentos fitossanitários tornam-se necessários, principalmente a aplicação de fungicidas e inseticidas.

O número de tratamentos com agrotóxicos no início da exploração comercial da cultura da macieira (décadas de 60 e 70) era muito grande, em torno de 25 a 30 aplicações por ano, exatamente pela falta de conhecimentos técnicos. Hoje o número de aplicações é aproximadamente quinze, uma redução de cerca de 50% no uso destes produtos.

Infelizmente parece que a preocupação quanto aos agrotóxicos foi maior na década de 80, quando se proibiu o uso de organoclorados, comprovado os riscos de intoxicações causados por esses compostos. Passado esse período, tomaram conta do mercado dos agrotóxicos os organofosforados, piretróides, carbamatos, entre outros. Segundo estudo realizado pela Secretaria de Saúde e Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1984 a 1986, os inseticidas organofosforados foram os responsáveis pelo maior volume de intoxicações, totalizando 37% dos casos, seguido pelos herbicidas com 19%. Este fato possivelmente está relacionado com o descuido dos agricultores quando usavam os organoclorados e passaram a trabalhar com os organofosforados da mesma maneira.

Em um mercado competitivo, a maçã, como qualquer outra fruta, comercializada in natura deve possuir qualidade para ser aceita pelo consumidor. Há vários parâmetros para avaliação da qualidade de uma fruta. A presença de resíduos de agrotóxicos com potencial tóxico à saúde humana, as propriedades nutricionais, as características organolépticas de cor e odor, entre outros, são fatores indispensáveis na avaliação da qualidade das frutas. Mas a aparência é fator predominante, sendo uns dos principais quesitos classificatórios, e nem sempre um fruto de boa aparência tem boa qualidade, principalmente em se tratando de resíduos de agrotóxicos.

A maçã é uma fruta que merece especial atenção, pois é comercializada o ano todo. A produção mundial de maçãs, anualmente, é de 42,4 milhões de toneladas, figurando a China como a maior produtora, com 16,7 milhões de toneladas/ano, a um custo popular, sendo exportada e consumida dentro do país em grande quantidade. A fruta é consumida fresca ou na forma de sucos industrializados, geléias, doces, sidras, vinagres, desidratadas como aperitivos, em polvilho e comida para bebês.

Este trabalho teve como objetivo verificar os níveis de resíduos de agrotóxicos organofosforados em maçãs das variedades fuji e gala, provenientes de diferentes cooperativas da região sul do Brasil, comercializadas no Mercado Municipal em Piracicaba SP.

O estudo foi dividido em três tratamentos, onde, foram feitas análises de amostras de frutos inteiros, casca e polpa, e foram rastreados resíduos dos agrotóxicos organofosforados fenitrotion, metidation, fention, diazinon, etion, pirazofós, clorpirifós, todos enquadrados como de classe toxicológica I e II, e de uso registrado para a cultura de maçãs.

A Metodologia empregada foi, para a extração dos compostos em fase líquida (diclorometano:hexano) e a análise por cromatografia gasosa, acoplada à espectrometria de massas, metodologia esta que tem tido destaque significativo na detecção e quantificação de compostos desta natureza.

Com a finalização dos estudos concluiu-se que:

· Nas partes analisadas, das maçãs em estudo: 55% dos resíduos foram encontrados na casca, 39% no fruto inteiro e 6% na Polpa. E ainda avaliando-se todo o conjunto, que 62% das maçãs analisadas continham resíduos de algum dos compostos em estudo;

· A casca da maçã pôde funcionar como uma barreira, impedindo a penetração de agrotóxicos na polpa;

· O agrotóxico metidation apresentou-se na casca de maçãs fuji e gala em níveis acima do permitido pela legislação brasileira de agrotóxicos para maçãs;

· Deve-se dar preferência para o consumo de maçãs fuji e gala sem casca.

Ocorrência de Agrotóxicos em Maçãs

Ana Lucia Cella (*); Valdemar Luiz Tornisielo, Rosana Maria de Oliveira Freguglia.

(*)Ana Lucia Cella é Bióloga e Consultora Técnica de Vendas na Bioagri Ambiental.

Contato pelo e-mail a.cella@bioagriambiental.com.br

Mais informações pelo site www.bioagriambiental.com.br

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