JornalCana

OCDE: Brasil e emergentes perderão competitividade no comércio agrícola

O Brasil e outros exportadores agrícolas emergentes devem se preparar para condições cada vez mais duras no mercado mundial. Um estudo divulgado ontem em Paris diz que os países em desenvolvimento vão ampliar sua presença no mercado agrícola internacional, graças ao aumento da produção e da população mundial, mas perderão competitividade porque verão, até 2014, suas moedas se desvalorizarem frente ao dólar. Com isso, os Estados Unidos serão o país mais competitivo do mundo.

É o que diz um estudo conjunto da agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, grupo de 30 países industrializados). A China será outra ameaça. FAO e OCDE prevêem uma freada nas importações agrícolas chinesas, devido a uma pequena desvalorização do yuan frente ao dólar, apesar das pressões para que Pequim flexibilize o câmbio.

“Estas expectativas nas taxas de câmbio são críticas para as projeções de comércio e, em particular, para a competitividade dos países no mercado mundial”, diz o estudo, que alerta também para os efeitos negativos, para a economia mundial, de uma desvalorização global do dólar.

O estudo prevê que os produtos de origem animal terão uma fatia cada vez maior de mercado até 2014 e que o consumo crescerá mais nos países fora da OCDE, isto é, nos emergentes. Isso vai desencadear uma enorme disputa entre os exportadores agrícolas ricos, como EUA e União Européia (UE), e os países em desenvolvimento. Em conseqüência, os preços vão cair.

Com a queda dos preços, os exportadores agrícolas terão de melhorar sua produtividade, dizem as organizações.

Brasil será maior exportador global de carne em dez anos

FAO e OCDE também dizem que a produção agrícola dos emergentes será maior que a dos países ricos, sobretudo a produção de açúcar, arroz, carne, leite e manteiga. Brasil e China vão chegar a 2014 com 33% e 10%, respectivamente, da produção global de carne. O estudo diz que em 2014 o Brasil será o maior exportador mundial de carne e que tem condições de ser também o maior exportador de frango.

O país também aumentará sua fatia no mercado de carne de porco e será responsável, em 2014, por 30% da produção mundial de açúcar. Segundo o estudo, o Brasil vai continuar dominando este setor, com as exportações crescendo até 44% em dez anos.

Já a produção de cereais nos países emergentes será duas vezes maior do que nos ricos. Mas os países da OCDE continuarão a dominar o comércio de grãos. A produção de oleaginosas crescerá 3% ao ano, frente a 0,7% nos países da OCDE, com o Brasil mantendo-se como grande exportador. O estudo também mostra que as barreiras às importações agrícolas nos países da OCDE continuam altas: os subsídios no bloco representaram 30% da receita do setor em 2004.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram