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O potencial dos biocombustíveis

Quase 30 anos após o lançamento do Proálcool, o setor privado brasileiro começa a despertar para o potencial econômico de biocombustíveis produzidos também a partir de fontes diferentes da cana-de-açúcar. O interesse dos empreendedores pioneiros volta-se preferencialmente para o dendê (palma) e a mamona como matérias-primas na fabricação de biodiesel em escala comercial. Se forem bem-sucedidos, os projetos já anunciados nessa área terão amplas repercussões econômicas, ambientais e sociais.

Um dos aspectos relevantes desses empreendimentos é que eles instituem inovadoras propostas de parceria entre os agentes envolvidos. É o caso, por exemplo, do projeto que o Grupo Agropalma, controlado pelo Banco Alpha, começa a implantar em Belém para produção de “palmdiesel”, que se sustenta no tripé investidor-centro de pesquisa tecnológica-fabricante nacional de equipamentos.

Maior produtor nacional de óleo de palma, para desenvolver a tecnologia necessária ao projeto o grupo fez parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse “casamento” deu bons frutos. Os pesquisadores do Departamento de Engenharia Química da UFRJ desenvolveram um processo industrial que permite a equiparação do custo de produção do biodiesel ao custo de refino do petróleo para obtenção do óleo diesel convencional, o que garante a competitividade do produto originado da biomassa. A patente desse método já foi depositado no País pela universidade, que pretende também tomar a mesma iniciativa nos Estados Unidos e na União Européia, além da Malásia e Indonésia.

Como este jornal informou, o principal salto tecnológico, que levou à necessidade de depósito da patente, foi que os pesquisadores conseguiram promover a regeneração dos catalisadores utilizados no processo de conversão dos ácidos graxos.

Outro fator positivo é que a UFRJ receberá royalties pelo licenciamento da tecnologia para a Agropalma, na proporção de 4% calculados sobre o lucro da usina de “palmdiesel”, dimensionada para produção de 8 milhões de litros/ano do combustível de fonte renovável.

Fechando o tripé, o grupo investidor contratou a DediniS.A. Indústrias de Base para o fornecimento dos equipamentos, que custarão cerca de US$ 1 milhão.

Outra iniciativa nesta área é o ambicioso projeto de plantio de mamona para produção de óleo de e de biodiesel que o Grupo Arbi começou a implantar no Piauí e que pretende estender para outros estados nordestinos. Esse projeto alia a inclusão social de milhares de famílias de origem rural, que se tornarão parceiras do grupo, ao aproveitamento da biomassa como fonte de energia. Para viabilizar a primeira fase do projeto, a Brasil Ecodiesel, controlada pelo grupo, também fez uma aliança com o governo do Piauí, que lhe concedeu uma gleba de 18 mil hectares em regime de comodato, onde serão assentadas inicialmente 560 famílias ao custo de R$ 15 milhões totalmente bancados pelo empreendedor privado.

O setor privado e as instituições de pesquisa aguardam que o governo federal assine o convênio, até agora limitado a um protocolo de intenções, para que a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba (SP), instale o Pólo Nacional de Biocombustíveis, que coordenará os projetos de pesquisa e traçará estratégias para incentivar iniciativas regionais de produção de combustíveis a partir da biomassa.

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