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O pelotão de elite do Bradesco

O calendário marcava fevereiro de 2007 quando uma das mais acirradas disputas pelo controle de uma companhia brasileira chegava ao fim. A Vale do Rosário – gigante do agronegócio, com três usinas para produção de açúcar e álcool – era finalmente vendida para o grupo de acionistas minoritários que conseguiram resistir a uma oferta de aquisição feita pela rival Cosan. A operação envolveu centenas de acionistas e consumiu dezenas de encontros, muitos deles secretos, em vários pontos do País. A cartada decisiva para sua concretização, no entanto, foi acertada na Cidade de Deus, em Osasco (SP), sede do Bradesco. Ali, a transação foi viabilizada graças a um empréstimo de R$ 1,2 bilhão do Bradesco Banco de Investimento, o BBI. A coincidência de datas não podia ser melhor. Naquele mesmo mês, o BBI completara seu primeiro aniversário e a operação Vale do Rosário reafirmava ao mercado que o pelotão de elite do maior banco privado nacional está em franca marcha para atingir sua meta de chegar à liderança do setor até 2009.

O trabalho para conseguir cumprir o objetivo proposto é intenso na instituição, que tem até mesmo adotado táticas que não fazem parte do repertório tradicional do Bradesco. Conhecido por promover quadros recrutados dentro das suas próprias fileiras, para reforçar o seu braço de investimentos o banco lançou-se ao mercado atrás de talentos já reconhecidos. No primeiro ano, o BBI montou uma equipe de cerca de 500 pessoas e trouxe para os seus principais postos de comando nomes de peso como o de Luiz Galvão, que deixou a Rio Verde Investimentos para liderar a área de renda variável do banco, e de Joy Bejasa e Robert Schifini, que trocaram o Santander de Nova York pelo Bradesco. Já Alec Cunningham e Jafrey Noble vieram do Itaú Securities em um ciclo de contratações que começou com o chamado de Bernardo Parnes, na época na Merril Lynch, para presidir a instituição. “As principais lideranças estão contratadas”, afirmou José Luiz Acar Pedro, vice-presidente do Bradesco, à DINHEIRO. “Com a equipe completa e a capacidade que o banco tem, cumpriremos nossa meta de chegar à liderança.”

Apesar de admitir que ser o número 1 dentre os bancos de investimento é um compromisso, Acar prefere não comentar o desempenho da instituição neste primeiro ano ou mesmo metas de crescimento para 2007. “Só posso dizer que crescemos acima de nossas expectativas”, diz evasivo. O relatório anual do Bradesco revela, no entanto, alguns feitos do BBI. Em 2006, um dos mais ativos anos dos mercados de capitais no País, o banco coordenou nada menos que 28,6% do volume de emissões registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre operações primárias e secundárias de ações, debêntures e notas promissórias, o total de recursos coordenados chegou a R$ 30 bilhões. Já a Bradesco Asset Management – área de gestão de ativos do banco, também incorporada ao BBI – fechou o ano passado com nada menos que R$ 129 bilhões em carteira, atendendo 3,3 milhões de investidores.

“Este ano será importante para consolidarmos nosso posicionamento e para concluirmos operações bastante importantes. As metas internas estão estipuladas.” Mais uma vez, Acar mantém os detalhes como sigilo de estado. O jogo está a favor da instituição. Com atuação como gestora de recursos, corretora, Bradesco Securities (de Nova York), private bank e com departamento de mercado de capitais, o BBI aproveita o mercado aquecido. Em 2006, 27 novas empresas fizeram IPO e nos últimos quatro anos o Ibovespa acumulou valorização de 294,68%, disparando a 44.473 pontos. “Existem boas oportunidades de negócios, tanto para IPO quanto para fusões e aquisições”, avalia Acar. O pelotão de elite do Bradesco está de prontidão.

R$ 30 bilhões foi o total de recursos coordenados pelo BBI

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