Pablo Di Si, um dos maiores entusiastas do etanol, que por quase cinco anos, presidiu a Volkswagen na América Latina, há cerca de dois meses migrou para o comando da montadora na América do Norte.
A mudança de continente, no entanto, não mudou suas convicções em relação ao etanol, que ele continua defendendo como a melhor solução de mobilidade para o Brasil.
Diante da onda de eletrificação da frota, Di Si foi um dos que sempre levantou a bandeira do etanol. Ele defende que cada local tem que aproveitar o que tem de melhor.
“O melhor para o Brasil é o etanol. O importante é que a energia seja renovável, do poço à roda. E estou mais convencido, agora, de que o caminho é esse, principalmente porque não requer megainvestimentos”, afirmou o executivo durante participação online, em um evento que tratava sobre perspectivas para 2023.
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Na capital norte-americana, Washington, onde existe um posto a cada vinte quarteirões a principal reclamação é o tempo da recarga, de até 40 minutos. “Se nos Estados Unidos nós temos problemas para carregar um carro elétrico imagina no Brasil”, disse.
O mercado norte-americano movimenta cerca de 14 milhões de veículos por ano, quase sete vezes maior que o brasileiro. Estima-se que 6% das vendas de veículos sejam de carros movidos a bateria, segmento que apontou um crescimento de 70% em relação ao ano anterior. Lá existe um estímulo à aquisição de modelo elétrico por meio de crédito federal de US$ 1,5 mil, mais US$ 5 a US$ 7 mil dependendo do Estado. Há descontos que podem chegar na casa dos US$ 15 mil.
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Segundo Di Si, nos EUA o incentivo a este tipo de veículo tende a aumentar, quando investidores se dizem dispostos a apostar em energia renovável e transformar a matriz energética norte-americana em cinco ou seis anos.
A fabricação de carros elétricos movidos a bateria requer altos investimentos. Sem contar os minerais e matéria-prima, que precisam ser importados, demanda cifra em torno de US$ 10 bilhões, estimou Di Si. Só a Volkswagen investiu em uma fábrica no Tennessee e na montagem de baterias, nos últimos anos, US$ 4 bilhões.
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Di Si avalia que o consumidor adora carro elétrico no Brasil, porém o que o cliente gosta de fato é da presença de tecnologia embarcada, pelo torque na saída e pelo silêncio ao dirigir. Segundo ele, é possível pegar todo esse avanço digital e aplicar em um carro flex. Para ele a transição para o elétrico no Brasil deverá levar ainda duas décadas para ser concluída.