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O futuro com o álcool

A iniciativa privada está apostando na solução do álcool hidratado como combustível adicionado ou não à gasolina. Existem duas grandes vertentes que devem assegurar um crescimento constante da demanda nas próximas décadas: a primeira é a questão ambiental e a segunda, o decréscimo das reservas de petróleo, com o conseqüente aumento dos preços.

Procurando diminuir a poluição gerada pelos automóveis, diversos países já adicionam álcool à gasolina. Além do Brasil, pioneiro e líder nessa adição, países como Canadá, Peru, Colômbia e Paraguai já estão adicionando 10% de álcool à gasolina.

A Suíça já aprovou lei que determina que este percentual deverá ser alcançado até 2.010. Diversos países da União Européia adicionam até 5%. Nos EUA alguns estados já passaram normas como o estado de Minnesota que esta adicionando 10%, de forma crescente para chegar a 2.010 com 20% e o Estado da Califórnia atualmente esta adicionando 5,6%.

Por um lado, existe esta vertente crescente da demanda em busca da redução dos níveis de poluição e, por outro lado, o horizonte, cada vez mais próximo, do fim da era do petróleo. Essa realidade gera uma expectativa de preços altos para os derivados do petróleo. Há quem estime que as reservas de petróleo, hoje conhecidas, asseguram apenas mais 25 anos de oferta.

Esse horizonte de oferta impede a redução drástica de preços, como ocorreu no passado. Os preços do petróleo tanto podem subir ainda mais, o que cria um risco de recessão mundial, como baixar. Mas nessa última hipótese a queda seria no máximo para o patamar de US$45 por barril. Para deixar o preço interno da gasolina mais atrativo do que o do álcool, os especialistas dizem que o preço deveria ficar abaixo de US$25 por barril, o que parece impossível. Portanto, há um colchão de segurança, para o nosso álcool, bastante amplo. O elevado preço do petróleo faz o álcool combustível brasileiro altamente competitivo, tanto no mercado interno como externo.

A crescente demanda por carros movidos a motor flex-fuel assegura um espaço crescente para o consumo do álcool combustível pela evidente preferência do consumidor, em função do preço. Tanto os industriais como os agricultores produtores de cana-de-açúcar têm investido pesado nesse setor, especialmente nos últimos três anos, visando atender essa demanda esperada.

Estão projetadas mais 52 usinas no Brasil, sendo que 32 usinas somente no Estado de São Paulo. Algumas entrando em produção na safra 2006/2007, outras ainda no papel, buscando financiamento.

Cada usina exige investimentos da ordem de U$140 milhões em média, sendo que aproximadamente 65% do investimento é na planta industrial e 35% na implantação da lavoura.

A tendência é que essas novas usinas irão acrescentar aproximadamente 30% à produção de açúcar e álcool e, também, aumentar a produção de energia elétrica com aproveitamento dos resíduos: bagaço e palha.

Os novos canaviais estão sendo implantados principalmente sobre áreas de pastagem, com o deslocamento da atividade pecuária para outros estados.

Essa expansão conta com o apoio de centros de excelência tecnológica em produção de açúcar e álcool, tanto no setor agrícola como no industrial.

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) é um exemplo. Recentemente, lançou um processo 6 vezes mais eficiente para produzir energia elétrica a partir do bagaço da cana de açúcar, bem como um método de estimativa e acompanhamento da sua safra por imagens de satélite. Uma nova ferramenta de grande precisão.

Ano a ano, o CTC, assim como o IAC e a UFSCAR, lançam novas variedades de cana, mais produtivas e mais resistentes. Podemos dizer que o Brasil tem a mais avançada tecnologia do mundo, tanto no plantio da cana-de-açúcar como na fabricação de açúcar e álcool e na transformação do bagaço em energia.

Esses fatos somados e a confirmação das estimativas de crescimento da demanda asseguram um crescimento do setor sucroalcooleiro constante nas próximas décadas. Desse crescimento já estão participando, e irão participar cada vez mais, os milhares de empresas fornecedoras de insumos e serviços em toda cadeia produtiva, desde pequenas e médias até grandes empresas.

O crescimento desse setor produtivo não é uma tarefa fácil. Exige a persistência e a coragem dos investidores, mas isso não faltará e a seu reboque já esta acontecendo o aumento de empregos em todos os níveis, tanto nas lavouras de cana como na indústria.

Temos a firme convicção de que, antes do fim da década, o Brasil estará produzindo 20 bilhões de litros de álcool por ano, 30 milhões de toneladas de açúcar por ano e muitos MWh de energia elétrica.

Não temos dúvidas de que o álcool combustível é uma das boas soluções que o mundo tem para reduzir a poluição ambiental e se preparar para o fim da era do petróleo.

O autor é empresário e advogado. E-mail: asodre@azevedosodre.adv.br

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