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O etanol precisa de um horizonte estratégico

No início deste mês, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informava que o preço do litro do etanol, que deve corresponder a 70% do da gasolina, estava abaixo desse porcentual em dez Estados e no Distrito Federal, mas acima disso em outras 16 unidades da Federação. Como resultado, neste ano, somente 23% dos donos de carros flex abasteceram com etanol hidratado, um forte retrocesso em relação a 2009, quando 66% desses carros consumiram esse tipo de combustível renovável e mais limpo.

Segundo a gerente de Planejamento de Marketing de Combustíveis da Petrobrás, Rosane Lodi, a participação do etanol no consumo interno caiu abaixo dos níveis alcançados antes da popularização dos carros bicombustíveis no País. Com a introdução dos “flex”, a partir de 2003, a indústria automotiva passou a produzi-los em escala crescente, acompanhando o crescimento do consumo. E ainda hoje cerca de 90% dos automóveis aqui fabricados são “flex”, e a frota nacional já é superior a 20 milhões de unidades, segundo a Anfavea.

A demanda externa por etanol tem flutuado, mas este ano, graças a uma boa safra de cana e à desvalorização do real, as exportações do produto alcançaram US$ 1,492 bilhão de janeiro a setembro, uma expansão de 12,34% em relação ao mesmo período do 2012. Isso tem amenizado a situação de algumas empresas, mas o volume das vendas externas está muito longe de tornar o etanol uma commodity, como os produtores previam há alguns anos.

Na realidade, o setor vive hoje sem horizonte estratégico. Nos últimos dois anos, 57 usinas fecharam e apenas 2 entraram em funcionamento. Segundo o diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, além da perda do etanol no mercado interno, o que mais preocupa é a falta de previsibilidade nos preços, o que inibe diretamente os investimentos. Muito incentivados em passado recente, pelo avanço dos carros “flex” e da mistura do etanol anidro à gasolina na proporção de 25%, estão agora sem perspectivas.

A médio prazo, a única perspectiva favorável seria um reajuste dos preços da gasolina e do diesel para o consumidor. Já foi anunciada a possibilidade de reajuste automático dos combustíveis – o chamado “gatilho”. Duvida-se, porém, de que, às vésperas de um ano eleitoral e sob pressão da inflação, haja disposição no governo para criar fatos que animem os investidores em etanol.

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