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O Brasil voltará a ser um país agrícola?

São muitas as causas do aumento do desemprego de mão-de-obra em nosso país em geral mas sobretudo em nossa região em particular.

Dois deles, no entanto, são visíveis.

Primeiro, a crise das micro e pequenas empresas.

Andando pelas ruas aí de sua cidade você pode constatar o que estamos falando.

Quando você encontrar um salão, um galpão ou uma sala, enfim qualquer imóvel não-residencial para ser locado, pergunte o que existia ali antes. E alguém lhe dirá: era uma padaria, era um escritório de contabilidade, era uma quitanda, era uma indústria de alimentos etc. Depois, complemente a pergunta: quantas pessoas ali estavam ocupadas? Falamos na linha de ocupação e não de emprego porque micro-empresa não raro tem como operadores quase somente pessoas da família. Que não são empregados.

Fica claro quanta gente perdeu o lugar onde economicamente se ocupava.

Segundo, a crise da indústria da construção civil.

A indústria da construção civil é o único segmento da economia em que a tecnologia não é algoz do emprego do trabalhador. Pelo contrário. A tecnologia aí protege o trabalhador.

Não é por acaso que, em tempos de desemprego de mão-de-obra sem muita qualificação, é da indústria da construção civil que se pode esperar a geração das oportunidades de trabalho de que se necessita.

E ela passou no biênio 2002/2003 um dos mais difíceis períodos de sua história.

No Brasil compram construção civil o governo, a empresa e a família. E os três não têm comprado. Ou têm comprado muito pouco. O governo, por causa da limitação da lei da responsabilidade fiscal, tem tido participação cada vez menor no montante das compras. E tudo indica que vai piorar.

A empresa não tem comprado quase nada. Afinal, sua situação é de extrema penúria, agravada nos últimos tempos pelo crescimento da carga tributária, pelo ônus financeiro provocado pela manutenção em elevado patamar das taxas de juros e pela perda de escala nas vendas.

As famílias, por redução da renda e sobretudo pelo crescimento do desemprego também, não estão comprando nada da construção civil.

A situação não está pior por causa de dois setores que, no entanto, apesar de aumentarem a expressividade no cômputo geral da formação do PIB notadamente nacional mas também regional, não têm peso relativo a ponto de anularem o que os dois primeiros segmentos – micro e pequena empresa, além da indústria da construção civil – têm no que toca à geração de emprego e de trabalho.

E estes dois setores a que acima nos referimos são o agronegócio e a empresa voltada ao comércio exterior na vertente exportação. Não raro, estes dois setores se confundem porque exportam mesmo – em grande parte – empresas do agronegócio. Principalmente no nordeste paulista.

Feito o diagnóstico, não fica difícil o tratamento.

É preciso vontade política e coragem para mexer com privilégios redirecionando as verbas orçamentárias.

Uma pergunta: o Brasil, a persistir o quadro atual, voltará a ser um país agrícola, como no passado? E em que termos?

Com a palavra os sociólogos.

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