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O ano dos carros mais limpos

Produzir carros mais limpos, movidos com combustíveis menos agressivos ao meio ambiente e mais econômicos é o desafio global da indústria automobilística para a próxima meia década. Nas duas principais regiões produtoras, Estados Unidos e Europa, os fabricantes consideram ter alcançado níveis satisfatórios de segurança e tecnologia. Agora, querem centrar esforços na eficiência do combustível e prometem acelerar o lançamento de modelos movidos a combustíveis alternativos.

Pesquisa divulgada este mês pela consultoria KPMG, feita com 110 executivos de montadoras e fabricantes de autopeças dos EUA e Europa, confirma que este será o ano dos carros híbridos (movidos a gasolina e eletricidade). A opinião foi manifestada por 74% dos entrevistados.

O Brasil não está incluído no estudo, mas acompanha a tendência mundial. No caso do combustível alternativo, saiu na dianteira com os veículos bicombustíveis (aceitam álcool ou gasolina) e tricombustíveis (acrescentam o gás veicular como terceira opção).

“A alternativa da energia elétrica não é tão econômica em termos financeiros quanto o álcool e o gás”, diz Charles Krieck, sócio da KPMG no Brasil. Com isso, as montadoras brasileiras têm chance de se posicionarem melhor no mercado. O País, diz, pode vender a tecnologia para ser adaptada em outros países.

Hoje, três marcas têm carros híbridos: a Toyota, com o Prius, e Honda e Ford, com lançamentos feitos este mês. General Motors e Ford prometem vários lançamentos para os próximos três anos.

Já o Brasil caminha para ter 100% da frota de automóveis novos com motores bicombustíveis. No ano passado, as vendas desses modelos somaram 328.374 unidades, ou 22% dos carros comercializados no País. Este ano, com a ampliação dessa tecnologia nos modelos populares, a participação deve ser ainda maior.

O diretor da Volkswagen, Paulo Kakinoff, projeta vendas de 600 mil a 700 mil veículos bicombustíveis, entre 40% e 50% dos negócios previstos para o ano. A Volks detém a maior fatia desse mercado e acredita que entre 60% a 70% da sua produção este ano será de modelos flexíveis. Kakinoff também vê o Brasil em posição de destaque na corrida pelo carro mais limpo. A Volks recebeu, no ano passado, mais de 10 delegações de países como França, China e Austrália, que vieram conhecer a tecnologia do bicombustível e da produção de álcool.

Feita nos meses de novembro e dezembro, a pesquisa da KPMG também constatou que o ciclo de desenvolvimento de veículos terá redução significativa nos próximos cinco anos. Hoje, são necessários dois anos para o desenvolvimento de um novo carro.

A preferência dos americanos por picapes e utilitários esportivos deve diminuir e modelos tradicionais de automóveis voltarão à tona. Mas com menos luxo. Na opinião de Krieck, equipamentos para navegação, por exemplo, vão atrair menos consumidores. Já no Brasil, o interesse pelos compactos vai se manter, mas as minivans continuarão a ganhar espaço.

O relacionamento entre trabalhadores e empresas tende a ser menos conflituoso. A pesquisa aponta que 45% dos entrevistados acham que as negociações com os sindicatos serão duras este ano. Em 2003, a preocupação foi manifestada por 66% dos executivos.

O ociosidade nas fábricas, embora elevada, deixa de ser grande preocupação para empresas americanas e européias. Mesmo no Brasil, a questão é superdimensionada, diz Krieck. As montadoras alegam ter estrutura para produzir 3,2 milhões de veículos. Em 2004, mesmo com volume recorde de 2,2 milhões de unidades, o setor reclama da ociosidade e usa esse fato como argumento para negociar benefícios fiscais. “Tenho certeza de que há ociosidade, mas o número precisa ser revisto.”

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