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O álcool acelera economia, gera empregos e ajuda o meio ambiente

Trinta anos depois do início do Programa Proálcool, o Brasil se prepara para oferecer ao mundo um combustível alternativo à gasolina, que, além de mais barato, é fonte de energia renovável e não emite gás carbônico como os derivados do petróleo. A expansão dos canaviais se encaixa neste desejo de produzir álcool em grande escala e, por isso, o plantio avança além das áreas tradicionais, especialmente no interior paulista e no Nordeste, chegando até os cerrados brasileiros. Essa nova fase do álcool é marcada pela forte presença de empresas privadas, embora a implantação do programa que incentivou a produção sucroalcooleira décadas atrás tenha sido uma iniciativa pública.

Desde que começou o Proálcool, alguns fatores contribuíram para que o País chegasse ao quadro atual, com expectativas que agradam os investidores e podem colocar o Brasil na liderança da produção energética nos próximos anos. Entre eles, destaca-se o aumento do preço do petróleo em 1970, década de implantação do programa. Isso contribuiu para que a sociedade incentivasse projetos de desenvolvimento de tecnologias envolvendo a cana-de-açúcar. A partir de então, a venda de carros movidos a álcool surpreendeu até mesmo a indústria automobilística. Hoje, com o crescimento da consciência ecológica e produção em massa de veículos com motores bicombustíveis (flex), as expectativas em torno do álcool continuam crescendo. Neste período, os brasileiros evitaram emitir cerca 110 milhões de toneladas de carbono e a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo. A economia foi na ordem de U$ 11,5 bilhões.

Para o mercado, não há mais dúvida de que o álcool tenha derrubado a gasolina no podium dos combustíveis. Alguns números demonstram que a fase atual do setor não é apenas uma fase, e sim um processo. Um estudo recente da Única apontou que, até 2010, a demanda por álcool vai exigir uma produção adicional de 10 bilhões de litros. Para os usineiros, a notícia é melhor do que se esperava, pois a estimativa para o consumo de açúcar é de 7 milhões de toneladas. Para alcançar essa capacidade, será necessário moer mais 180 milhões de toneladas de cana e os canaviais devem ser expandidos em até 2,5 milhões de hectares nestes próximos três anos.

Atualmente, cerca de 40 novas usinas estão em projeto ou em fase de implantação e totalizam um investimento calculado em U$ 3 bilhões. A maior parte delas concentra-se no oeste de São Paulo, seguindo a tendência de ocupar o espaço aberto deixado pelo deslocamento da pecuária.

O aprimoramento contínuo dos equipamentos usados nas usinas, uma característica dessa nova fase, deve garantir um preço de produção mais baixo. Destaca-se neste sentido o uso do difusor nas usinas. Já existe no mercado brasileiro difusores com menor custo de manutenção, caso do Difusor Modular recentemente lançado, usado para extração do caldo da cana, mas que não utiliza correntes para transportá-la. O maior poder de extração da sacarose, a economia de energia, menores custos com investimentos em equipamentos são algumas das vantagens do difusor. Outra característica notável desse equipamento é sua flexibilidade para expansão da capacidade de produção, que deve agradar os usineiros e facilitar o processo.

O aumento da colheita mecanizada da cana-de-açúcar, sem a queimada da palhada, também traz muitos benefícios ao setor, pois além de reduzir o impacto ambiental pela diminuição da emissão de dióxido de carbono e outros gases que potencializam o efeito estufa na atmosfera terrestre, ajuda na eliminação de ervas daninhas do canavial, além de aumentar o rendimento operacional. O processo mecânico contribui também para uma menor perda de água do solo, aumentando a reciclagem de nutrientes e elevando a quantidade de microorganismos existentes na terra. Esses dados nos dão segurança quanto ao crescimento da importância do setor para o País. O debate em torno do assunto tem envolvido discussões que tendem a esclarecer sobre mitos relacionados à cana, como a desmentida idéia de que ela esgota o solo. A cana é cultura conservacionista e, com a reforma do canavial após cinco anos, fica garantida a renovação dos nutrientes da terra.

O álcool tem um quadro favorável para se tornar um dos principais produtos de exportação da economia brasileira. Se as recentes projeções se confirmarem, o setor sucroalcooleiro deve criar cerca de 360 mil novos empregos diretos e outros 900 mil indiretos. Esse é o tipo de dado que nos faz reconhecer o potencial que a cana tem para elevar a riqueza interna do País.

* Waleska Del Pietro é engenheira agrônoma da Sucral Engenharia e Processos, empresa que há mais de 40 anos presta consultoria técnica e administrativa para o setor sucroalcooleiro.

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