Mercado

O agronegócio e a inserção no comércio internacional

Afinal, o Estado de São Paulo – que está perdendo pontos na participação relativa da produção brasileira expressa no PIB – já está decadente?

Esta perda de substância, visível a olho nu mas também quantificada através de números oficiais e mesmo oficiosos, se traduz na verdade em perda de eficiência?

Há bons indícios para se crer que não.

A etapa que o país atualmente vive é marcada pela capacidade que se tem de se inserir no mercado internacional. Quanto mais rápida for esta inserção maior será o desenvolvimento econômico.

E, para que haja efetivamente inserção duradoura, inquestionável, é preciso ter custos competitivos, qualidade naquilo que se produz. Modernamente não importa tanto o que se produz mas como se produz.

É certo que o Estado de São Paulo como um todo perdeu substância econômica relativa. Mas é certo também que perdeu em segmentos em que não tinha condições de competitividade. Cabe, então uma pergunta: por que o ABC paulista, outrora a maior oficina industrial do país, foi a região do Estado líder da federação que mais se desindustrializou, que mais perdeu participação na renda paulista?

Bom lembrar que o mesmo ABC foi a região que mais se beneficiou da política industrial executada no período de 1945/1988, chamada de substituição de importações.

Protegido por barreiras elevadas, não submetido à competição durante muito tempo, este parque industrial tornou-se obsoleto em cotejo com competidores internos mas sobretudo externos. Estes, aliás, mais ainda.

Iniciada a abertura comercial em fins dos anos oitenta ainda no governo Collor e prosseguida esta mesma política depois, o que ocorreu com estas indústrias é que elas não tiveram capacidade de se adaptar.

A abertura fez bem para diversos segmentos.

O setor calçadista de Franca, por exemplo, beneficiou-se muito, depois de ter sofrido redução razoável de seu tamanho. Mas perdeu o que estava inchado, não tecido bom. Perdeu o que estava doente, sem condições de competir.

Também a indústria têxtil brasileira se robusteceu.

Amplos segmentos do setor metalúrgico, entretanto, não se adaptaram a tempo. E não se adaptar rapidamente é a certeza de que morrerá, desaparecerá.

É através do Estado de São Paulo que o Brasil está fazendo de maneira mais eficiente sua inserção no mercado internacional.

Neste sentido, o agronegócio é uma das pontas-de-lança principalmente do nordeste paulista que de maneira firme tem feito o país participar das mais dinâmicas correntes do comércio exterior, sobretudo do lado das exportações.

São Paulo é responsável por 33% do agronegócio brasileiro. Os números são de trabalho realizado conjuntamente pela Fundação Faria Lima e pela Unicamp.

Destes 33%, mais de 40% são do nordeste paulista, onde pontificam sobretudo o suco-de-laranja, a soja e derivados, o café, a cana-de-açúcar e o milho.

Banner Revistas Mobile