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Número de grupos de usinas de cana com dívidas crescentes chega a 50, revela Itaú BBA

Dos 195 grupos sucroenergéticos que controlam as mais de 350 usinas de cana-de-açúcar em operação na safra em andamento, 50 deles estão no chamado Grupo C do Itaú BBA, banco de investimentos do Grupo Itaú.

O Grupo C contempla empresas com alto endividamento ou com geração de caixa operacional insuficiente para cobrir o Capex e os custos das dívidas já existentes, o que consequentemente faz as dívidas aumentarem.

Os dados são de Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócios do Itaú BBA. Segundo ele, 24 dos 65 grupos sucroenergéticos…..

clientes do banco de investimentos do Grupo Itaú entraram no Grupo C.

Os 65 grupos somam 427 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, ou seja, 70,5% dos 605 milhões de toneladas de cana que, segundo a consultoria Datagro, deverão ser moídas no país na safra em vigor.

As 24 companhias integram o temido Grupo C a partir da última avaliação da instituição sobre as condições financeiras das companhias sucroenergéticas em operação no Brasil e que foi apresentada pelo executivo na terça-feira (22/09) no segundo e último dia da Conferência Datagro, promovida na capital paulista pela consultoria Datagro.

Figliolino, do Itaú BBA: dívidas em dólar somam 42% do endividamento do setor
Figliolino, do Itaú BBA: dívidas em dólar somam 42% do endividamento do setor

As 24 companhias processam 114 milhões de toneladas de cana.

Conforme Figliolino, no geral do setor de cana-de-açúcar 50 dos 195 grupos estão no Grupo C, o que totaliza 25% do total das companhias que operam cana-de-açúcar para produzir etanol, açúcar e bioeletricidade.

“As atenções do Governo federal, e do setor sucroenergético, deveriam se voltar para o Grupo C, cujas empresas estão com nível de endividamento acima do ponto, degeram caixa e crescem a dívida de forma indesejável”, disse o diretor do Itaú BBA.

Uma das atenções diz respeito a socorro financeiro para essas companhias em endividamento crescente.

Quatro grupos

O Itaú BBA divide em quatro grupos seu mapa de condições financeiras das companhias sucroenergéticas.

Grupo D

O ‘pior’ grupo é o D, no qual as empresas integrantes estão no vermelho e já entraram em processo de reestruturação. “Cerca de 100 dos grupos [sucroenergéticos] integram esse agrupamento”, informa Figliolino.

A participação de 100 grupos no Grupo D já foi divulgada pelo Portal JornalCana em 19/07/2015. Clique aqui para ler a reportagem. 

Das 65 companhias clientes do Itaú BBA, cinco delas estão no Grupo D, com capacidade de moagem de 34 milhões de toneladas de cana.

Grupo A

O Grupo A contempla companhias com baixo endividamento e alto desempenho operacional. “A dívida diminui, no entanto, se não houver investimento em expansão [das unidades fabricantes de açúcar e de etanol]”, diz Figliolino. Dos 65 clientes do Itaú BBA que operam no setor sucroenergético, 10 estão no Grupo A.

Grupo B

Já o Grupo B reflete as companhias sucroenergéticas com endividamento, mas com geração de caixa dentro dos limites razoáveis. “Aqui, a dívida se mantém ou é ligeiramente reduzida caso não haja investimento em expansão”, lembra o executivo. “O Grupo B integra as companhias sucroenergéticas sobeviventes.”

Integram o Grupo B 26 das 65 companhias de cana clientes do Itaú BBA, responsáveis por moagem de 159 milhões de toneladas de cana.

Leia mais: O que o setor deve esperar nos próximos anos

Leia mais: Governo deve ter política de curto prazo para o etanol 

Dívidas em dólar

Confira outros destaques de Alexandre Figliolino apresentados na Conferência Datagro:

1 – Um terço dos [65 grupos sucroenergéticos clientes do Itaú BBA] tem endividamento de curto prazo, e dois terços têm no longo prazo

2 – 42% do endividamento do setor é em dólar e esse quadro exclui os bonds, já que poucas companhias têm bonds. “É um resultado inimaginável”, diz o executivo. “Não sabíamos que o setor estava tão financiado em dólar.”

3 – Os fundamentos do açúcar tem alguma coisa melhor sendo prometida, devido ao déficit. “Se Nova York só derreteu, nos últimos dias, em reais, voltamos a preço interessante, acima de R$ 1 mil a tonelada. Já dá para fixar em reais para 2016 em níveis folgados ao custo de produção.”

4 – O etanol hidratado está com mercado bom no consumo e, no anidro, no zero a zero. Mas a pressão por caixa de usinas [gera vendas e preços baixos] e os preços para o produtor estão 2% abaixo do preço de 2014.

5 – O impacto da redução da Cide, desde 2008, resulta em R$ 61 bilhões, que é o endividamento do setor. Mais de R$ 10 bilhões são por conta da defasagem da gasolina.

6 – Nas três últimas safras, o desempenho das 65 companhias somou moagem realizada 427 milhões de toneladas, com safras bem parecidas. A dívida líquida, no entanto, foi de R$ 56,8 milhões na safra 14/15, ante R$ 46,7 milhões na 13/14 e R$ 39,4 milhões na 12/13. A dívida da 14/15 reflete a seca, alta da taxa de juro e a primeira perna de disparada do dólar, que estava em R$ 3,20 no fim de março.

 

7 – No médio prazo, o cenário é mais positivo. Há fundamentos construtivos no açúcar, turbinados com taxa de câmbio favorável.

8 – A volta da Cide para níveis maijores é importante para recuperação das margens

9 – A melhora da produtividade, da eficiência, torna o açúcar brasileiro extremamente competitivo. 40% do setor enfrenta situação agravada por condições recentes de mercado. Com melhora lenta não será suficiente para recuperar. Tem que pensar algo fora da caixa para a recuperação desses grupos. Como crédito.

10 – Soluções não podem ser homogêneas, cada caso é um caso e a solução virá do entendimento e coordenação dos agentes financeiros privados juntos com os bancos oficiais.

 

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