JornalCana

Novo mercado para o etanol

O Ministério das Finanças da China confirmou ontem que a redução de tarifa sobre as importações de álcool de 30% para 5% também será aplicada ao etanol, decisão que pode abrir as portas para as aquisições do insumo brasileiro. Uma autoridade do departamento de tarifas do ministério informou que a alíquota baixa, em vigor a partir de 1º de janeiro, valerá para o biocombustível na mistura à gasolina.

A despeito dessa decisão, os exportadores não preveem importações de grandes volumes em breve devido à falta de instalações no mercado chinês para mistura do etanol à gasolina. Para fazer o processamento, os importadores terão que construir instalações de mistura, atualmente sob controle de empresas estatais.

Além disso, exportações de etanol brasileiro para a China são improváveis no curto prazo, uma vez que a safra de cana está acabando no centro-sul e os estoques do combustível estão baixos.

Contudo, a expressiva redução do imposto é positiva se considerado o horizonte de longo prazo, conforme avalia a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “A China tem um baita mercado, mas não tem como responder ao aumento da demanda e está abrindo uma janela, o que é altamente positivo”, disse Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

O Brasil, maior exportador mundial de etanol, tem pressionado a China a importar o biocombustível brasileiro como complemento à produção limitada do país asiático. “A tarifa baixa parece tornar as importações viáveis. Mas estamos estudando se há outras restrições”, disse um trader.

Além da falta de disponibilidade, os atuais preços do etanol no ! mercado brasileiro, acima da média, e o câmbio valorizado frente ao dólar tornariam inviáveis embarques nos próximos meses. “Mas tudo é possível de ser alcançado, especialmente se houver interesse em contratos de longo prazo, preços pré-fixados”, disse Pádua, acrescentando que, nesse caso, a abertura da China poderia inclusive estimular investimentos no setor.

Segurança

Pequim determinou o uso de gasolina misturada ao etanol em apenas um terço das províncias chinesas. A China não permitirá grande expansão de produção de etanol à base de grãos devido a preocupações com a segurança alimentar, e a expansão da produção de biocombustível utilizando outras matérias-primas é restrita devido à quantidade limitada de terras e de recursos hídricos.

O governo quer misturar 2 milhões de toneladas de etanol à gasolina até 2010 e 10 milhões até 2020, como parte de esforços para ajudar a reduzir as emissões de gases do efeito estufa. No entanto, setores da indústria duvidam qu! e a meta possa ser cumprida, já que as atuais instalações só podem produzir cerca de 1,35 milhão de toneladas.

A China possui um baita mercado, mas não tem como responder ao aumento da demanda e está abrindo uma janela, o que é altamente positivo

Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica

Oferta menor no Brasil

A oferta de açúcar e etanol no centro-sul do Brasil será menor do que o normal nos próximos meses, depois de as chuvas terem prejudicado a colheita e também porque grandes volumes já foram exportados. Vários analistas projetam uma tendência de alta em preços como resultado, especialmente da probabilidade de mais chuvas no início de 2010, o que manterá o maquinário fora dos canaviais durante a maior parte do tempo.

“Existem muitos no mercado que preveem uma redução significativa em estoques de passagem (locais). É difícil citar números, mas não haverá muita sobra”, disse Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting. “Portanto, acredito q! ue haverá espaço para um aumento (maior) nos preços locais, especialmente para o açúcar”, disse. Os preços referenciais do açúcar doméstico estão em níveis recordes de alta em termos nominais, a cerca de R$ 58 reais por saca, alta de 4,8%.

A produção de açúcar do centro-sul está estimada em 29 milhões de toneladas, ainda acima das 26,75 milhões de toneladas de 2008/09, mas abaixo da previsão de setembro, de 29,4 milhões, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Analistas também estimam que os diferenciais de exportação de açúcar no centro-sul ficarão próximos de estáveis no início de 2010.

Os descontos já foram reduzidos, refletindo a menor disponibilidade de açúcar, e caíram na semana passada para cerca de 10 pontos abaixo do contrato de março negociado em Nova York. Há um mês o desconto era de mais de 50 pontos.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram