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Novas tecnologias reduzem emissão de CO2

A cada ano são queimados 150 bilhões de metros cúbicos de gás natural em todo o mundo, gerando 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um dos causadores do aquecimento global. No entanto, aos poucos surgem tecnologias para mitigar essa situação, ao mesmo tempo em que se produzem energias limpas provenientes do gás.

É o caso da solução Gas Reformer para reduzir o gás de queima (flare), que utiliza gases derivados da exploração de petróleo como fonte de energia autossustentável, para a operação offshore. Outro exemplo é o da construção de unidades reformadoras de gás natural para fornecer o hidrogênio que alimentará uma célula a combustível com capacidade de geração elétrica.

Ao referir-se ao Gas Reformer, Luiz Barcellos, diretor da divisão de Ship Power da Wärtsilä – multinacional finlandesa, que atua no Brasil há 23 anos -, conta que essa tecnologia existe há mais de cem anos. “A inovação está no modo de utilização, ou seja, a diferença é que a Wärtsilä transformou essa tecnologia, anteriormente usada basicamente em refinarias de petróleo, para aplicação offshore.”

Segundo Barcellos, tanto o gás flare quanto os hidrocarbonetos pesados podem ser utilizados como combustível para os motores dual fuel desenvolvidos pela Wärtsilä para a geração de energia elétrica a bordo das instalações offshore. Ele explica que a geração utilizando esse tipo de motor proporciona uma eficiência muito maior que as soluções até então utilizadas nas plataformas de alto mar e responde melhor à variação de composição dos gases que as turbinas. “A emissão de hidrocarbonetos como etano, propano e butano é mais prejudicial ao meio ambiente que a de dióxido de carbono, por seu maior efeito no aquecimento global”, diz. A primeira plataforma equipada com a solução começou a ser construída em 2012, na China.

Já a construção de um reformador de gás natural que gerará hidrogênio para células combustíveis é o alvo de um projeto financiado pela multinacional BG Brasil – a um custo de R$ 3,1 milhões ao cabo de 36 meses -, e executado pela brasileira Hytron -Tecnologia em Hidrogênio. O gerente de inovação da BG Brasil, Giancarlo Ciola, diz que o resultado do projeto será uma célula a combustível de 15 kW operada a partir de hidrogênio proveniente de gás natural, referendada por testes de viabilidade ambiental e econômica. “O desafio a ser vencido é produzir hidrogênio da mais alta pureza e qualidade, o que atualmente não está disponível no Brasil.”

A BG Brasil é parte do BG Group, companhia que atua nas áreas de exploração, produção e gás natural liquefeito (GNL) em mais de 20 países. No pré-sal da Bacia de Santos, a BG tem participação em quatro blocos de perfuração. “A companhia conta com um programa multibilionário para o pré-sal e já investiu mais de US$ 5 bilhões no Brasil”, informa Ciola.

Segundo o engenheiro Daniel Lopes, diretor-comercial da Hytron, o projeto incluirá testes de laboratório e de campo para monitorar o desempenho técnico, econômico e ambiental do sistema, incluindo sua eficiência energética. “Essa iniciativa faz parte de uma série de projetos sobre células a combustível que estão sendo fomentados pela BG Brasil para melhorar a compreensão dos fatores críticos de sucesso para as mesmas no mercado brasileiro e global.”

A Hytron é uma empresa nascida no Laboratório de Hidrogênio da Unicamp e desde 2004 desenvolve soluções tecnológicas para a geração otimizada de gases industriais, especialmente hidrogênio. Em sua fase inicial, a Hytron foi incubada na Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec). “A empresa foi idealizada por alunos de mestrado e doutorado da Unicamp, com capacidades complementares e formação em diferentes áreas”, diz Lopes, explicando que sua missão é desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e competitivas na produção de gases industriais e na geração de energias alternativas.

Na sua visão, o projeto do reformador está alinhado ao desenvolvimento de tecnologias limpas e com baixa emissão de carbono. “A emissão de gases danosos à camada de ozônio é zero e, além disso, há potencial para que a distribuição da energia gerada seja feita em grande escala.”

Ciola, da BG Brasil, diz que esta é a primeira vez que o grupo investe recursos da cláusula de pesquisa e desenvolvimento em um projeto liderado e desenvolvido por uma empresa nascente brasileira. “Toda a tecnologia gerada no projeto será propriedade da Hytron”, diz.

Para ele, há potencial de aplicação da nova tecnologia nas próprias operações do BG Group no mundo, tais como em ambientes offshore, veículos e sistemas de geração descentralizada. “Nas atividades em que o BG Group faz a conversão de gás natural encontrado em depósitos de carvão em GNL, por exemplo, o uso 15% maior de células a combustível economizaria cerca de US$ 133 milhões em dez anos.”

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