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Nova safra de cana vai tornar etanol competitivo

A expectativa de aumento na oferta do etanol, que deverá se normalizar com o início da nova safra da cana-de-açúcar, aberta oficialmente na última semana, deve pressionar para baixo os preços do combustível em até dois meses. “Após o período de entressafra, a grande maioria das usinas vai começar a moer a cana a partir de agora. A tendência, então, é que os preços comecem a recuar, já que haverá aumento de oferta do combustível no mercado”, afirma a analista de açúcar e álcool da MB Agro, Renata Marconato.

O analista de açúcar e etanol da Safras & Mercado, Mauricio Muruci, alerta, entretanto, que a baixa de preços a curto prazo será sentida apenas nas usinas.

“Até que este recuo nos preços como consequência da maior oferta de etanol no mercado chegue ao consum idor, serão necessários ainda cerca de dois meses”, antevê.

Devido ao período da entressafra, os preços do etanol dispararam e alcançaram a barreira dos R$ 2 na maioria das unidades federativas analisadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

De acordo com dados da agência, o litro do combustível encerrou março com alta de 11% frente a fevereiro e de 14,56% na comparação com março do ano passado. O litro do etanol, na média nacional, ficou em R$ 2,1, contra R$ 1,891 em fevereiro.

Já a gasolina ficou em R$ 2,661 no mês passado, contra os R$ 2,615 de fevereiro, aumento de 1,76%.

Apesar de a menor oferta do combustível ser normal neste período, o que acaba pressionando os preços, a analista da MB Agro cita que os problemas com chuvas e seca que muitos produtores enfrentaram nas duas últimas safras da cana-deaçúcar ajudaram a piorar ainda mais a situação.

Outro fator que contribuiu para o quadro crítico, segundo Renata, foi q ue, com os preços internacionais do açúcar em máximas, muitas usinas mistas, que produzem tanto o adoçante quanto o combustível, procuraram ao máximo otimizar a produção açucareira, prejudicando de certa forma a produção do etanol.

“É um mercado livre. Como a cotação do açúcar estava remunerando melhor os produtores do que o etanol, muitas usinas optarem por elevar a produção do adoçante em detrimento do combustível. Isso gerou uma queda considerável no volume dos estoque para o período de entressafra, causando assim a alta dos preços”, explica a analista.

Segundo ela, enquanto o volume do combustível no mercado era reduzido, a frota de veículos flex continuava a crescer no País, “gerando muita demanda para pouco oferta”.

Muruci lembra que muitas usinas da região centro-sul do País, embora em condições ainda precárias devido às dificuldades causadas pela estiagem do ano passado, anteciparam seus trabalhos e deram início à moagem antes mesmo da abertura oficial da safra 2011/2012.

O esforço, entretanto, não foi suficiente para estabilizar a demanda. Segundo levantamento da União da Indústria de CanadeAçúcar (Unica), são 90 as usinas já em funcionamento no País. Outras 195 darão início à moagem na segunda quinzena de abril, com mais 50 iniciando suas atividades na primeira metade de maio, para um total de 335 unidades ativas até a metade do mês.

SÃO PAULO. Com a normalização do abastecimento, os analistas esperam que as primeiras quedas nos preços do etanol ocorram em São Paulo. “O grosso da oferta de cana-de-açúcar está no estado, que possui a maior concentração de usinas.

Por isso, será também o primeiro estado a sentir um alívio nos preços. Quanto mais afastado de São Paulo um local for, maior será a demora para que ocorra um movimento de baixa nos preços do combustível”, explica o analista da Safras & Mercado.

Segundo estimativas da Unica, na safra 2011/2012 serão produzidas 568,5 milhões de toneladas de cana destinadas à moagem, alta de 2,11% sobre a safra anterior, quando foram produzidas 556,7 milhões de toneladas.

Do total, a Unica estima que 45,34% serão destinados à produção de açúcar, leve incremento em relação aos 44,71% observados em 2010. o.

Assim, a exemplo dos anos anteriores, a maior parte da cana colhida nesta safra, de 54,66%, continuará sendo utilizada para a produção de etanol, que deverá atingir 25,51 bilhões de litros, aumento de 0,52% em relação à produção da última safra, que totalizou 25,37 bilhões de litros.

Na avaliação dos analistas, o crescimento de 2,11% projetado para esta safra ainda é insuficiente para acompanhar o ritmo cada vez mais acelerado da expansão da frota de veículos flex no País. “Apesar de o prognóstico mostrar expansão da produção de etanol, o aumento ainda é insuficiente para atender à demanda que se tem no mercado”, enfatiza Renata. Ela explica que o tímido crescimento desta safra em relação a 2010/2011 é um reflexo da falta de investimentos na ampliação da produção agrícola, interrompidos em 2008, com a crise mundial, e que até hoje não foram retomados.

“Com a crise de 2008, muitas usinas ficaram endividadas, enquanto outras quebraram. Com isso, os investimentos em ampliação de canaviais e melhoria da produção acabaram sendo interrompidos”, explica Renata.

Para Muruci, as condições climáticas desfavoráveis do segundo semestre de 2010 também foram significativas para o fraco crescimento.

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