Nova América investe e reestrutura negócio
Depois do ambicioso passo representado pela aquisição da marca União, líder do mercado varejista de açúcar do país, no início do ano passado, o Grupo Nova América planeja um novo salto para consolidar sua expansão nos mercados interno e externo. Nesse sentido, vai construir sua terceira usina de açúcar e álcool, em um investimento estimado em cerca de US$ 200 milhões, e negocia parcerias para expandir seu braço logístico e sua trading de açúcar.
O movimento de expansão acontece em meio a um longo processo de reestruturação que já resultou na segmentação do grupo por atividades de negócios – cana-de-açúcar, laranja e logística. A divisão tem por objetivo oferecer mais agilidade e transparência ao grupo. A empresa nega que esteja se preparando para abrir capital no curto prazo, mas não descarta a operação nos próximos anos.
A divisão de açúcar e álcool, que responde por cerca de 85% do faturamento do grupo – de R$ 1,51 bilhão na safra 2005/06 – , deverá receber os maiores investimentos, uma vez que busca a consolidação de sua marca no país e a expansão de seus negócios em outras fronteiras.
Em entrevista ao Valor, Melchiades Terciotti, diretor comercial da Nova América, disse que a empresa vai construir sua terceira usina de açúcar e álcool na cidade de Carapó, no Mato Grosso do Sul. A unidade terá capacidade total para processar entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas de cana. “Daremos início ao plantio de cana em 2007”. A empresa ainda está finalizando os detalhes do investimentos da nova planta, mas espera que ela entre em operação até 2010.
Atualmente, a Nova América processa cerca de 7 milhões de toneladas de cana por safra em suas unidades de Tarumã e Maracaí, ambas instaladas no interior de São Paulo.
Para dar continuidade ao seu processo de expansão no varejo, a companhia está concluindo investimentos na duplicação de sua refinaria de açúcar na unidade Tarumã. Essa planta dobrará sua capacidade de produção a partir de 2007, industrializando 28 mil toneladas de açúcar por mês. O grupo ocupa atualmente as instalações da refinaria da Copersucar – ex-dona da marca União -, em Limeira (SP). Mas o contrato de arrendamento desta unidade termina no fim do ano. A empresa também refina açúcar em Piedade (RJ), em fábrica que também pertencia à Copersucar, mas que foi negociada durante a aquisição da marca União.
A empresa não descarta fazer aquisições de usinas para ampliar seus negócios. Neste ano, esteve no páreo para a compra da Coopernavi, no Mato Grosso do Sul, mas a usina foi adquirida pelo fundo Kidd & Company, hoje incorporado ao fundo Infinity Bio-Energy.
De concreto, Terciotti afirma que a empresa negocia parcerias para expandir os negócios das duas tradings de açúcar do grupo. “Temos expertise na originação de açúcar, mas temos que buscar eficiência também na destinação final do produto”, observa Terciotti.
Outras parcerias também deverão ser feitas na divisão logística. Hoje a Nova América possui um terminal portuário de açúcar, o Teaçu, em Santos (SP), que recebeu investimentos de R$ 80 milhões para escoar açúcar a granel. Com esse aporte, o grupo passou a escoar dois milhões de toneladas de açúcar a granel. O terminal já tinha capacidade para escoar 1 milhão de toneladas de açúcar ensacado. O grupo estuda associar-se a grupos nacionais para viabilizar o escoamento da produção de álcool até os portos e aumentar a capacidade de armazenagem.
Na divisão de laranja, os planos também são relevantes. A empresa está investindo cerca de R$ 20 milhões para dobrar a produção de laranja. Com forte presença no varejo, sobretudo o de marcas próprias, o pomar da companhia ocupa 3 mil hectares, que somam 1,3 milhão de árvores, com uma produção de 3,5 milhões de caixas de laranjas de 40,8 quilos. A expectativa é de que o volume atinja 8 milhões de caixas nos próximos cinco anos. No ano passado, o grupo criou a Beba Brasil, que é responsável pela comercialização de bebidas prontas no mercado interno.
