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Nova América fecha e demite 400

O grupo Nova América, que administra a antiga refinaria da Companhia de Açúcar União, decidiu fechar as portas em Limeira no dia 31 de março. Apesar da possibilidade do governador eleito pelo Estado de São Paulo, José Serra (PSDB), reduzir os tributos, a empresa vai encerrar as atividades na cidade, onde a marca existe há mais de 50 anos. Os 400 trabalhadores estão em greve.

A informação consta em um comunicado emitido pela empresa que foi enviado ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Limeira. “Vimos reiterar que a Nova América permanecerá com suas atividades de refino em empacotamento de açúcar até o dia 31 de março de 2007. A partir desta data a Nova América deverá permanecer em Limeira somente com um Centro de Distribuição”.

A desativação da marca representa a perda de 400 postos de trabalhos diretos e mais mil indiretos, além de um grande prejuízo para o município, pois a empresa está entre as quatro primeiras em arrecadação de impostos, de acordo com o sindicato.

A decisão foi encarada com surpresa pelo presidente da entidade, Arthur Bueno de Camargo. Isso porque o secretário estadual do Emprego e das Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, se reuniu com a entidade, na presença de um represente da Prefeitura, do presidente da Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil), Renato Maluf, do deputado estadual Otoniel Lima (PL) e demonstrou otimismo em relação à possibilidade do governador reduzir o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), principal exigência da empresa para permanecer na cidade.

Mas nenhum representante da Nova América compareceu no encontro realizado no dia 30 de janeiro e o secretário determinou o prazo do dia 5 de fevereiro para que a empresa enviasse os documentos necessários para análise das alternativas visando à permanência do grupo na cidade. “No entanto, a empresa recuou e emitiu na última quarta-feira o comunicado enfatizando que não ficaria mais em Limeira, o que causou indignação da categoria e resultou em greve”, explicou.

GREVE

Apesar da empresa assegurar que vai cumprir todos os deveres trabalhistas e conceder o plano de saúde por mais três meses após a demissão, a desativação da marca é considerada um grave problema social. “São 400 trabalhadores, muitos com cerca de 20 anos na empresa e que estarão fora do mercado”, declarou Bueno. O presidente do sindicato informou ainda que, por se tratar de mão-de-obra específica, não existe nenhuma empresa na cidade ou próxima para absorver os empregados demitidos.

Esses assuntos foram discutidos com os 400 funcionários durante assembléia realizada domingo e eles resolveram entrar em greve ontem.

Apesar da empresa estar decidida a fechar as portas, o movimento é uma forma de reivindicar outras exigências como pagamento de salário por mais um ano após as demissões e de R$ 1,5 mil referente a Participação nos Lucros ou Resultados (PRL).

Uma nova assembléia está marcada para hoje, às 8h30, para definir se os trabalhadores continuarão com o movimento ou retomarão às atividades até o dia 31 de março.

REDUÇÃO DE CUSTOS

No dia 28 de fevereiro de 2005 a empresa Nova América comprou a marca União e a partir desta data o açúcar produzido pela Copersucar era vendido para o grupo. Em dezembro deste mesmo ano a Copersucar demitiu 500 trabalhadores e a Nova América locou o prédio da Copersucar para refinar e admitiu 400 empregados novamente.

Há cerca de um ano a empresa já havia sinalizado o encerramento das atividades na cidade alegando necessidade de redução dos custos como energia elétrica, mão-de-obra, água e tributos. “Em Tarumã, onde funciona a matriz do grupo, essas despesas são menores”. O sindicato tentou várias mudanças, incluindo um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que prevê o impacto social das demissões. Apesar das alternativas e da redução até mesmo do valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da interferência direta do governo estadual, a empresa decidiu fechar as portas.

A Assessoria de Imprensa do Grupo Nova América enviou uma nota à Gazeta confirmando o encerramento das atividades e agradecendo os esforços do poder público e do sindicato local no intuito de manter o funcionamento da unidade. “Em função dos custos elevados de operação em Limeira, a Nova América investiu na ampliação da unidade de refino de Tarumã, para onde transferirá a capacidade produtiva atualmente em funcionamento naquele município. A Nova América continuará presente em Limeira por meio de um Centro de Distribuição de Produtos”. (ESS)

Prefeitura faz contatos para “ocupar” prédio

A Prefeitura de Limeira, através do prefeito Silvio Félix, tem feito contatos com empresas nacionais e internacionais que atuam no mesmo ramo da empresa que hoje ocupa o prédio da companhia União. As empresas alvos de contato solicitaram sigilo até que as conversações sejam concluídas. (ACPML)

Sindicato pleiteia ajuda do Executivo para atrair nova empresa

Com o fechamento da empresa, toda a estrutura física da Copersucar ficará sem utilização. Para tentar resolver o problema, o sindicato vai pedir interferência da Prefeitura para tentar atrair um nova empresa. Uma das possibilidades é a vinda de uma empresa de fora. “Apesar da dificuldade, agora temos uma outra luta pela frente que é pela busca de meios que possam atrair uma nova empresa de refinaria”, afirmou.

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