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Nocividade da cultura de cana é falácia, garante pesquisador

Maior exportador de álcool do mundo, o Brasil tem sido alvo de

críticas de algumas ONGs, ambientalistas internacionais e países

contrários à expansão do álcool como combustível. O país está em franco processo de expansão da cultura da cana-de-açúcar, sobretudo para as regiões do Centro-Oeste e Sudeste, e é alvo de pesados investimentos para a construção de pelo menos 90 novos projetos de usinas nos próximos cinco anos. É um caminho sem volta.

Os críticos afirma que a expansão sucraolcooleiro poderá colocar em risco a biodiversidade. Isaías de Carvalho Macedo, professor da Unicamp e consultor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), rebate. Segundo ele, não há como a cana se expandir para a região da Amazônia. Além dos problemas climáticos, que limitam a expansão da cultura para aquela região, as leis ambientais brasileiras são muito rígidas. “Um novo projeto de construção de usina tem de ser aprovado pelas secretarias de meio ambiente de cada Estado, que são criteriosas ao aprovar um projeto”, diz.

Macedo observa que a cultura da cana tem avançado, principalmente, nas áreas de pastagens, que hoje somam cerca de 200 milhões de hectares. “O efeito negativo seria se os pecuaristas invadissem a região amazônica”, afirma. Macedo também lembra que o impacto da cultura canavieira no suprimento de água também é ínfimo.

Em seu trabalho intitulado “A Energia da Cana-de-Açúcar”, um livro

com doze estudos sobre a agroindústria da cana no Brasil e sua

sustentabilidade, Macedo observa que o Brasil tem a maior disponibilidade de água do mundo e o uso da irrigação agrícola no país é relativamente pequena. O professor lembra que a cultura da cana praticamente não é irrigada. Ele destaca também em seu trabalho a redução obtida nos últimos anos na captação de água para uso

industrial, com a re-utilização interna nos processos, e a prática de devolver a água para a lavoura, nos sistemas de fertirrigação.

Segundo Macedo, também há um esforço concentrado das usinas em

reaproveitar a vinhaça, rica em potássio, no processo agrícola. “Há

riscos ambientais se a vinhaça for jogada nos rios. Mas isso não ocorre mais”, diz.

Ele lembra ainda que a cultura da cana-de-açúcar ocupa hoje cerca de 6

milhões de hectares para uma produção de 420 milhões de toneladas. Em cinco anos, as projeções indicam uma produção de cerca de 700 milhões de toneladas de cana, para uma área de cerca de 9 milhões de hectares. “O avanço da soja nos últimos anos saltou de 12 milhões para 22 milhões de hectares”.

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