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No documento final, boliviano faz ressalva a biocombustível

O presidente da Bolívia, Evo Morales, marcou o documento final da 1ª Cúpula Energética Sul-americana com uma forte oposição à maneira como o Brasil forçou o registro do potencial dos biocombustíveis na matriz energética da região. Ao firmar o texto da declaração final, anteontem, Morales escreveu com observação ao ponto biocombustível sobre o espaço reservado a sua assinatura e deixou como herança para os próximos debates uma tensão aparentemente abafada ao final do encontro de chefes de Estado em Isla Margarita.

Essa redação expressou mal o resultado dos debates sobre os biocombustíveis. Claro que foi redigida pelo Brasil, afirmou ontem o ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, no aeroporto de Isla Margarita. Somos contrários ao nome biocombustível e ao conceito desse produto, alertamos para a diferença de níveis de interesse nessa via e cremos que há perigo se essa visão se generalizar, completou.

Nos debates prévios ao encontro de cúpula, a Bolívia abriu a celeuma sobre biocombustíveis, escudada nas mesmas críticas públicas apresentadas pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Fidel Castro, contra a expansão da produção e do consumo do etanol, em especial. Ontem, Choquehuanca relatou que houve uma discussão ferrenha sobre o tema durante a reunião, a portas fechadas, apenas entre os chefes de Estado, na última segunda-feira.

Na ocasião, Morales insistiu na grafia de agrocombustíveis, em vez de biocombustíveis – um preciosismo para a diferença entre os produtos alimentícios usados como insumos, como o milho e até mesmo a cana-de-açúcar, e os que não fazem parte da dieta dos povos, como o bagaço de cana e a palma africana. Também disparou argumentos sobre os perigos do avanço do cultivo de matérias-primas para os biocombustíveis em áreas de proteção ambiental.

Choquehuanca, entretanto, indicou que a Bolívia não faria ressalvas à construção no país de uma usina de biodiesel com base em soja, prometida pela Petrobrás em março passado. É elementar a tarefa de preservar a segurança e a soberania alimentar dos nossos povos. Podemos viver sem petróleo, mas não sem comida, defendeu, em claro confronto com o ponto de vista brasileiro. Concordo que devemos buscar fontes alternativas de energia. Mas com o cuidado de manter o equilíbrio com a natureza.

O próximo palco de embates sobre os biocombustíveis deverá ser a 4ª reunião da Comissão Política Sul-americana, que é composta por altos funcionários dos governos dos 12 países. O encontro será nos dias 17 e 18 de maio.

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