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No Centro-Sul, volume maior de cana fica com o álcool

Para aproveitar os preços de entressafra e tirar o atraso da safra passada, muitas usinas começaram a operar mais cedo em 2010. Das 400 unidades de processamento de cana-de-açúcar do Brasil, 40 viraram o ano moendo. Outras sete iniciaram os trabalhos em março, um mês antes da abertura oficial da temporada 2010/11. No Paraná, quando a safra começou, 14 unidades já estavam em operação. A pressa se justifica. Na Região Centro-Sul, responsável por cerca de 90% da cana processada no país, a indústria sucroalcooleira tem à sua disposição quase 600 milhões de toneladas de cana. O Paraná é o segundo maior produtor do país, com participação de 8%, atrás apenas de São Paulo, que o líder absoluto com quase 60% da produção nacional.

De acordo com a União da In­­dústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a moagem de cana no Centro-Sul deve atingir 595! ,9 milhões de toneladas, 10% a mais que os 541,5 milhões de toneladas da safra 2009/10. “O incremento se deve ao elevado volume de cana bisada (cerca de 12% da cana disponível para colheita neste ano é cana que deixou de ser esmagada na safra anterior) e, em menor proporção, ao aumento de moagem em dez novas unidades nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de Janeiro”, afirma a Unica em nota.

Diferente do previsto para o Paraná, o mix de produção deve continuar mais alcooleiro no Centro-Sul. Do total de cana esperado para a safra 2010/1, a Unica projeta que 43,29% serão destinados à produção de açúcar, um pequeno acréscimo em relação aos 42,57% do ciclo passado. A maior parte da cana colhida na região (56,71%) deverá ser utilizada na produção de etanol. Apesar de ainda ser maior, o porcentual de cana destinada à fabricação de álcool recua com relação ao ano anterior, quando 57,43% da safra teve essa destinação.

Conforme! a entidade, a produção de açúcar da região deve chegar a 34,1 milhões de toneladas, 19% a mais do que as 28,6 milhões de toneladas do ciclo 2009/10. A produção de etanol é estimada em 27,4 bilhões de litros, aumento de 16% ante os 23,7 bilhões do ano anterior. Conforme a entidade, a produção de açúcar e etanol cresce no Centro-Sul amparada não apenas no aumento da moagem, mas também na melhora na qualidade da matéria-prima. “As previsões meteorológicas para 2010 apontam para um início de safra um pouco mais chuvoso do que o normal, porém com expectativa de clima frio e seco nos meses de inverno, período em que mais de 45% da cana é colhida”, afirma a entidade.

Combustível

O contraste entre o mix nacional e o estadual deve-se aos mercados interno e externo, confirmam empresários e técnicos de usinas do Noroeste do Paraná. Na usina Goioerê, por exemplo, há previsão de que o proporção de açúcar fique acima inclusive da média estadual, atingindo 70%. E esse índice ai! nda pode crescer se a demanda subir ainda mais.

No jogo da oferta e da procura, o consumidor de álcool é que fica preocupado. No último ano, quando o mercado externo teve demanda maior por açúcar, o preço do álcool nos postos de combustíveis subiu a ponto de a gasolina se tornar mais vantajosa – representando mais de 70% do preço do combustível fóssil.

Nos estados produtores de cana, esse quadro demorou mais para se configurar. No Paraná, o álcool voltou a ser vanjoso, mas as usinas não garantem que essa situação vá prevalecer durante toda a safra. No último ano, eles disseram que os períodos de alta foram provocados não só pela produção maior de açúcar, mas pelo atrapalho das chuvas na colheita. O setor informa que tem condições de atender a crescente demanda interna por álcool, mesmo com a elevação da produção de açúcar.

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