No Brasil, reservas e atenção
As novas propostas que deverão ser apresentadas pela União Européia para a reforma de seu regime do açúcar foram recebidas com reserva e atenção pelo setor privado e pelo governo do Brasil. “Uma reforma que atenda aos produtores brasileiros e outros países produtores de açúcar deverá contemplar o fim das exportações subsidiadas do produto no mercado internacional”, afirmou Elisabete Seródio, secretária de relações internacionais do Ministério da Agricultura.
Em andamento antes mesmo do processo movido por Brasil, Austrália e Tailândia na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a política de subsídios da UE, a reforma do açúcar no bloco tenta atender também, por mais que os europeus neguem, às exigências do painel que condenou os europeus por seus subsídios.
Segundo Seródio, alguns itens da atual proposta terão pouco impacto no mercado externo, como a fusão das cotas A e C e o apoio interno aos produtores que desistirem de produzir açúcar. “Temos que acompanhar atentos como a União Européia pretende reduzir as exportações subsidiadas, conforme determinou o processo na OMC”. Seródio lembrou que não há proposta do bloco para a abertura de seu mercado para o açúcar e nem de redução de salvaguardas para o produto.
“Toda a modificação que signifique uma menor presença do açúcar da Europa no mercado internacional é benéfica”, disse Seródio.
Para Fernando Moreira Ribeiro, secretário-geral da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), o importante é ficar atento aos prazos estabelecidos pelo bloco para a implementação dessas reformas. “As atuais propostas parecem estar em linha sobre o que tem sido discutido nos últimos meses”, afirmou.
De acordo com Ribeiro, o fim das exportações subsidiadas é o que mais preocupa as usinas de açúcar do país. “Temos que acompanhar também o desfecho que o bloco dará ao açúcar importado dos países ACP (Ásia, Caribe e Pacífico)”, observou.
